Joana Mortágua

Joana Mortágua

Deputada e dirigente do Bloco de Esquerda, licenciada em relações internacionais.

A semana de 4 dias não é uma utopia. É um imperativo de modernidade e de respeito. É apenas uma questão de quando. E o Bloco cá estará para dar força a esta ideia de uma vida para lá do trabalho.

O 25 de novembro não é a reposição da normalidade democrática nem do suposto verdadeiro espírito do 25 de abril. Não tem essa importância histórica. O processo revolucionário deixou marcas profundas na democracia portuguesa, desde logo e mais evidentemente na Constituição.

A visão de(s)colonial da História é uma necessidade para todos. Respeitar Portugal é falar da nossa história toda. A escolha que temos de fazer é entre acompanharmos o debate europeu ou ficarmos amarrados à propaganda antiga, repetindo um tempo de proibição e de censura.

Abril não recua, em Maio continua. A história não parou e sim, são vocês, trabalhadores e trabalhadoras, que fazem a história todos os dias. Faremos história com mais salário, menos desigualdade e mais tempo para viver.

A direita ganhou e a extrema-direita está mais forte. Isso abre portas a retrocessos na igualdade, nos direitos laborais, nos serviços públicos, sabemo-lo por experiência e pela literatura. Mas estes recuos não são fatalismos que estamos condenados a aceitar, podem ser travados.

A maioria absoluta do PS escolheu privilegiar a especulação. A escolha do Bloco é o direito à habitação. Escolhemos travar os abusos e garantir casas para morar. Escolhemos tetos máximos para as rendas, diferenciados segundo a zona e a tipologia.

O deputado Pedro Nuno Santos votou contra e o candidato a líder do PS apresentou declaração de voto. O ministro diz que, afinal, poderá haver recuperação do tempo de serviço dos professores.

No Portugal dos anos 90, a Sara Tavares foi vanguarda contra a herança colonial e racista que pairava (e paira ainda) no ar do pós-25 de Abril, contra o machismo impregnado na nossa sociedade. Ninguém ficou indiferente ao impacto da Sara, musical e humano.

O encarecimento brutal da travessia fluvial pela SONAE é uma forma ardilosa de afastar os setubalenses de Tróia, restringindo-a a uma elite endinheirada. O passe desta travessia custa atualmente 92,80€ por mês. Em 2010 era 40€.

Bem sei que nem sempre é fácil conciliar posições, mas hoje temos a oportunidade de fazer história neste longo caminho que é a igualdade de género.