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Submissão aos interesses da elite angolana "foi regra nos últimos 20 anos” no PS, PSD e BdP

A deputada do Bloco pronunciou-se esta quarta-feira sobre os galhardetes trocados entre PS e PSD a propósito da intervenção de António Costa junto do antigo governador do Banco de Portugal e a presença de Isabel dos Santos na banca portuguesa.
De acordo com Mariana Mortágua, da resposta do primeiro-ministro ao Parlamento “subentende-se uma tentativa de proteger” Isabel dos Santos “e o seu papel no Eurobic”.
“Devemos dizer que das palavras do primeiro-ministro e das respostas que deu, subentende-se que houve uma tentativa de proteger o papel de Isabel dos Santos, filha do Presidente de Angola, e o seu papel no Eurobic”, afirmou a dirigente bloquista em conferência de imprensa.
Mariana frisou que “esta proteção, que acabou por não ter qualquer consequência, a verificar-se, é obvio que é uma situação grave e configura uma subalternização do Estado português aos interesses da elite angolana”.
“Aquilo que eu gostaria de destacar é que esta posição do regime português de subalternização aos interesses da elite angolana não aconteceu apenas no mandato e no PS de António Costa. Ela foi a regra do Banco de Portugal, a regra do PSD e a regra do PS ao longo dos últimos 20 anos”, acrescentou.
A deputada lembrou que “foi o Banco de Portugal que autorizou a entrada de Isabel dos Santos no Eurobic em 2014, quando já se sabia que a fortuna da filha do presidente [de Angola] era uma fortuna roubada ao povo angolano, e muitos outros países europeus travaram os capitais angolanos”.
“Foi o Banco de Portugal que permitiu que o BNI Angola se instalasse em Portugal apesar de ter acionistas escondidos, como o caso do construtor José Guilherme e de ter outros acionistas, como o filho do presidente do BNA, o Banco Nacional de Angola”, continuou.
Acresce que “foi o ministro do PSD Rui Machete que pediu desculpas a Manuel Vicente, vice-presidente de Angola, por estar a ser investigado em Portugal por lavagem de dinheiro”. E foi “Carlos César, o presidente do PS, que foi ao congresso do MPLA em 2016 agradecer o contributo da elite angolana para a economia portuguesa”, acrescentou.
Neste contexto, Mariana assinalou que o que se deve concluir “com alguma serenidade, é que o que se passa entre o antigo governador do Banco de Portugal [Carlos Costa], o Grupo Parlamentar do PS e do PSD não é uma preocupação com a lavagem de dinheiro angolano em Portugal, é uma lavagem de roupa suja”.
“É uma vingança entre instituições que tem a ver com o passado e que nada tem a ver com o papel da elite angolana em Portugal”, destacou.
Mariana alertou ainda que Portugal continua “a ser usado para lavar dinheiro, desta vez pela oligarquia russa, sem que isso desperte o interesse nem do Banco de Portugal, nem do PSD, nem do PS”.
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