Foi divulgado esta sexta-feira, 16 de julho, o estudo “ Desemprego e Precariedade Laboral na População Jovem: Tendências Recentes em Portugal e na Europa” de Inês Tavares, Ana Filipa Cândido e Renato Miguel do Carmo, Observatório das Desigualdades, do Centro de Estudos e Investigação em Sociologia (CIES).
O estudo está disponível aqui.
Aumento do desemprego jovem
O estudo assinala que em 2020 se verificou um aumento do desemprego jovem em Portugal e na Europa, em relação a 2019. Mais 1,7 p.p. na Europa e mais 4,3 p.p. em Portugal. No nosso país, a taxa de desemprego dos jovens com menos de 25 anos, estava 15,7 p.p. acima da taxa de desemprego geral e era superior em 5,8 p.p. à média da UE27.
Regista-se também um aumento do desemprego jovem em número absoluto, o que significa uma viragem na evolução do desemprego da juventude, o que não acontecia desde 2013 na juventude com menos de 25 anos e desde 2012 na população entre os 25 e os 34 anos de idade. O documento assinala também que o peso relativo da juventude no desemprego está a aumentar desde 2018.
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Verifica-se também que em 2020 a tendência de descida do desemprego, registada nos últimos anos, se inverteu. No caso da juventude, também há uma viragem, só que a subida do desemprego é mais acelerada. O estudo alerta que os dados do 1º trimestre de 2021 parecem indicar uma tendência de manutenção do crescimento do desemprego.
O documento regista também um aumento da taxa de subutilização1 do trabalho jovem em 2020, para valores idênticos a 2017.
Os jovens que não estão empregados nem em educação/formação (os “chamados” nem-nem) aumentou em 2020, o que é uma inversão da tendência de queda que se verificava na UE27 desde 2012 e em Portugal desde 2013.
Mais trabalho temporário
Os jovens com menos de 25 anos são o escalão etário mais afetado pelo trabalho temporário na UE27, embora tenha havido um decréscimo entre 2019 e 2020, tanto na maioria dos países da UE27 como em Portugal. Em 2020, a percentagem de jovens com contratos temporários era de cerca de 56% em Portugal, de 69% em Espanha e de 59% em Itália.
O estudo assinala também que uma diminuição recente dos jovens com contratos não permanentes ou trabalhando a tempo parcial se deve ao aumento do desemprego devido à pandemia, que afetou em primeiro lugar as pessoas em situação de precariedade.
Segundo este estudo, Portugal é o quinto país com os maiores níveis de trabalho temporário involuntário e o sétimo com mais jovens a trabalhar em part-time por falta de alternativas. O documento assinala, poro fim, que em geral nos países da UE27 as mulheres jovens têm proporcionalmente mais contratos temporários e trabalham mais em part-time que os homens.
Nota:
1 “Indicador que agrega a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego mas não disponíveis e os inativos disponíveis mas que não procuram emprego”, https://www.ine.pt/bddXplorer/htdocs/minfo.jsp?var_cd=0009357&lingua=PT