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Angola: jovem estudante foi morto na manifestação de 11 de novembro

A polícia angolana tinha negado a morte de qualquer pessoa na manifestação, mas está confirmado que Inocêncio de Matos, estudante do 3º ano da Faculdade Agostinho Neto, morreu vítima da brutalidade policial. Movimento de Estudantes quer que Presidente da República tome posição.
Manifestação de 11 de novembro em Luanda, Angola – foto de Epa/Lusa
Manifestação de 11 de novembro em Luanda, Angola – foto de Epa/Lusa

A morte de Inocêncio de Matos foi conhecida através da reportagem da TPA (Televisão Pública de Angola) na noite do próprio dia 11 de novembro. O chefe da equipa do banco de urgência do Hospital Américo Boavida, para onde foi levado o jovem, confirmou a sua morte.

O médico António Manuel declarou à TPA que o jovem morreu devido a ferimentos na cabeça provocados por um objeto contundente que lhe provocou um trauma na cabeça, "com sangramento ativo e exposição da massa cerebral", segundo refere o Novo Jornal (NJ).

"Chegámos à conclusão que se tratava de uma fratura exposta, com afundamento dos ossos do crânio, em que havia, para além do sangramento, por lesão vascular, a saída da massa encefálica", explicou o clínico, que disse ainda que o jovem estudante deu entrada com mau prognóstico e acabou por falecer por paragem cardiorrespiratória irreversível.

Movimento de Estudantes Angolanos exige punição dos assassinos

Inocência de Matos, assassinado pela polícia angolana a 11 de novembro de 2020
Inocência de Matos, assassinado pela polícia angolana a 11 de novembro de 2020

Em nota de condolências, o Movimento de Estudantes Angolanos (MEA) afirma que Inocêncio de Matos era estudante do 3º ano da Faculdade Agostinho Neto, tinha 26 anos de idade e foi vítima da brutalidade policial na manifestação de 11 de novembro, “ bem defronte ao hospital Américo Boa Vida”. (ver nota completa no facebook aqui)

“Não existem explicações precisas para descrever a brutalidade imposta pela polícia Nacional aos jovens desarmados que com a sua voz apenas exigiam o que é de direito”, refere o MEA, que “insta” o Ministério da Justiça, a Provedoria da Justiça e o parlamento angolanos, assim como a comunidade internacional e a sociedade civil, a se posicionarem “diante deste crime hediondo numa altura em que o país precisa da força da sua juventude”. O movimento insta também o Presidente da República a tomar posição e exige a punição dos assassinos, “assim como os seus mandantes (comandante do distrito do Rangel, diretor das operações de Luanda e o comandante provincial da polícia Nacional”.

O MEA diz ainda que Inocêncio de Matos é para o movimento “um exemplo de luta e coragem para uma Angola que orgulha-nos a todos, pois não morreu roubando o estado mas por justiça social”.

Inocêncio de Matos tinha 26 anos e era natural do Uíge. Os seus companheiros disseram ao NJ que "o funeral acontecerá oportunamente numa data e hora a indicar pela família". E pedem ajuda para a família, em bens alimentares e em donativos para uma conta bancária, para a realização do funeral.

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