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Angola admite “atentados aos Direitos Humanos” na repressão do 27 de maio

Ministro da Justiça angolano reconheceu as “execuções e prisões arbitrárias” na repressão de 1977, que o país deve “lembrar para que não volte a acontecer”.

Segundo a agência Lusa, o documento provisório da “Estratégia do Executivo de Médio Prazo para os Direitos Humanos 2018/2022”, elaborado pelo Ministério da Justiça angolano, reconhece pela primeira vez que após o “27 de maio”, registou-se um “cortejo de atentados aos Direitos Humanos”, considerando-o “um dos mais relevantes” da História do país.

Em declarações à Rádio Nacional de Angola, o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos de Angola, Francisco Queiroz, admitiu ter havido da parte do governo liderado por Agostinho Neto “reação excessiva aos acontecimentos que se seguiram à tentativa de golpe de Estado”.


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“Muitos desses atos ocorridos na altura atentaram contra os Direitos Humanos. Houve execuções e prisões arbitrárias. Tudo isso está um pouco esquecido, mas precisamos lembrar para que não volte a acontecer”, afirmou o ministro.

A chacina que se seguiu à derrota da fação do MPLA liderada por Nito Alves provocou cerca de 30 mil mortos e desaparecidos. Milhares de famílias reclamam ainda ao Estado angolano informações sobre o destino dos parentes desaparecidos.

Este fim de semana, em entrevista ao Expresso, o presidente angolano João Lourenço também abordou esta ferida aberta na história de Angola independente. “Não diria que está completamente cicatrizada. É um fenómeno que deve merecer ter um tratamento ponderado”, afirmou o chefe de Estado angolano, acrescentando que uma parte dos apoiantes de Nito Alves no 27 de maio acabaram por ser “enquadrados” pelo partido. “Não vou citar nomes, mas ao longo de anos muitos deles chegaram a ministros”, afirmou João Lourenço.

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