Marisa Matias

Marisa Matias

Eurodeputada, dirigente do Bloco de Esquerda, socióloga.

Esta semana cumpriu-se o prazo limite para regulamentar o estatuto de cuidador informal em Portugal. Foi no último dia, 6 de Janeiro, que o governo publicou a primeira portaria, que apenas inicia o processo de reconhecimento.

A ordem mundial está a mudar e os conflitos estão longe de resolver-se. É difícil de prever o desfecho de muitos de eles, mas as sociedades movem-se em contextos muito diferentes.

Os mensageiros são detidos e perseguidos, os criminosos de colarinho branco continuam à solta. É a escolha entre seguir quem denuncia os crimes ou os criminosos.

Há quase dez anos, entrei pela primeira vez em Gaza. O bloqueio persistia e, depois de muitas horas de espera, do outro lado fomos recebidos com cravos vermelhos. Foi a primeira vez que me confrontei com vidas fechadas em prisão e suspensas por uma ameaça constante.

Há 10 anos participei, em Copenhaga, na Conferência anual das Nações Unidas para o combate às alterações climáticas, a COP15. Na altura, chegava ao fim o Protocolo de Quioto e o desfecho foi uma gigantesca desilusão.

Na próxima semana irá finalmente a votos a Comissão Von der Leyen. Depois de propostas de nomes rejeitadas, depois de várias controvérsias, finalizou-se o processo sem eliminar a ameaça de conflitos de interesses.

A frase certeira é de Célia Xakriabá. Ao longo desta semana, e durante os próximos dias, a Associação "Articulação dos Povos Indígenas do Brasil" (APIB), em parceria com organizações da sociedade civil, dão corpo à campanha “Sangue Indígena: Nenhuma Uma Gota Mais”.

Na União Europeia, só em 2017, foram emitidas licenças para vendas de armas à Turquia no valor de 2,8 mil milhões de Euros. São estas as armas que estão a ser usadas contra civis, contra o povo curdo.

Poucas votações me ficaram tão presas na pele como esta que hoje, quinta-feira, decorreu no plenário em Estrasburgo. A proposta de salvar vidas foi chumbada por dois votos, 290 contra 288.

As tentativas sucessivas de genocídio e de eliminação cultural do povo curdo por parte da Turquia não é, infelizmente, uma novidade, mas não é por repetir-se que se deve naturalizar e abandonar as nossas preocupações.