Novas franjas de inconformismo e de sede de mudança estão a surgir onde menos se espera. Compete à esquerda agarrar estas oportunidades de crescimento.
De um lado, os duros alemães e os algo tontos franceses e, do outro, os irresponsáveis e endividados da Europa do Sul. Então e o resto da Europa, qual o seu papel nesta novela?
As manifestações que amanhã ocorrerão em todo o mundo são apenas um exemplo de que esta crise também consegue despertar consciências e gerar desenvolvimentos com alcances dificilmente previsíveis.
Não é fácil perceber esta lógica dos brandos costumes da opinião pública. Sobretudo quando parecem ter sido há muito ultrapassados todos os limites à dignidade e quando se tornou claríssimo que os sacrifícios não são para todos.
Fazem falta instrumentos e pontos de referência que nos permitam aferir realmente o dimensão das medidas tomadas e a dimensão dos problemas ou das “gorduras” que pretendem atacar. Neste sentido, que tal ter como referência aquele pequeno buraco de 2.400 milhões de euros do negócio BPN?
Uma vez que o Governo tão prontamente se dispôs a fornecer informação sobre as nomeações governamentais, do que está à espera para o fazer nos processos de privatizações que se avizinham? E a nível da dívida pública, do que está à espera para avançar com uma auditoria nestes domínios?
Este ano não há direito a silly season. Pelo contrário, tudo o que se está a passar é de tal forma grave que não permite descanso. Um Verão tão Quente que não convida a banhos.
O corte de rating é infelizmente mais um murro no estômago de todos aqueles que, para não variar, andam a pagar a crise em Portugal. Mas representa sobretudo uma bofetada ideológica nos sectores que defendem que o problema se resume a termos vivido “acima das nossas possibilidades”.