Três empresas com fármacos contra o ébola aumentam o seu valor em 1.100 milhões

18 de October 2014 - 16:00

As empresas norte-americanas Chimerix e BioCryst e a canadiana Tekmira têm fortes subidas desde a deteção dos primeiros casos do surto do ébola. Nenhuma chega à centena de empregados e todas estão cotadas no índice tecnológico Nasdaq. A grande incógnita é quanto valerá o fabricante do ZMapp, que não está cotada em bolsa.

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Preparando a entrada numa unidade de tratamento do ébola – Foto wikimedia

Três empresas norte-americanas que atualmente produzem medicamentos contra o ébola tiveram uma forte valorização bolsista (de cerca de 1.100 milhões de euros no conjunto) desde que, em janeiro, se deram os primeiros casos na Guiné daquele que é já o surto mais mortífero da história deste vírus e que até ao momento matou 3.338 pessoas, segundo a última contagem da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Trata-se das norte-americanas Chimerix e BioCryst e da canadiana Tekmira, As três juntas aumentaram a sua capitalização durante este ano em cerca de 1.400 milhões de dólares (1.100 milhões de euros) pela subida das suas cotações.

As três são pequenas empresas biotecnológicas (nenhuma chega à centena de empregados) que estão cotadas no índice tecnológico Nasdaq de Nova York e que receberam fortes injeções de fundos da Administração norte-americana para o desenvolvimento dos seus produtos.

Em termos absolutos, a companhia que mais aumentou o valor desde janeiro é a Chimerix, fabricante do Brincidofovir. Com sede em Durham, Carolina do Norte, e presente no Nasdaq desde 11 de abril de 2013, o valor das suas ações duplicou durante este ano (subiu 105%), pelo que a sua capitalização cresceu 575 milhões de dólares, até 1.122 milhões.

A empresa, que em 31 de dezembro do ano passado tinha 52 empregados a tempo completo (39 deles dedicados a I&D) viu a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) aprovar este mês o uso experimental do fármaco, que demonstrou a sua eficácia em provas 'in vitro'. No dia 7 de outubro, a sua cotação subiu no último trecho da sessão mais de 6%.

A seguir figura outra empresa também radicada na mesma cidade da Carolina do Norte, a BioCryst Pharmaceutical, que desenvolveu o antiviral BCX4430 e aumentou o seu valor em cerca de 49% desde janeiro, até cerca de 828 milhões de dólares (mais 454 milhões durante este ano).

A empresa, que está cotada no Nasdaq desde 1994 e que desde então nunca pagou dividendos, tinha cerca de 40 empregados em 31 de janeiro deste ano, segundo a documentação apresentada ao regulador bolsista norte-americano, a SEC.

Por último, a canadiana Tekmira desenvolve um dos fármacos mais conhecidos contra a doença, TKMEbola. Com sede em Burnaby, na Columbia Britânica, está cotada no Nasdaq desde 15 de novembro de 2010 e atualmente o seu valor bolsista ronda os 530 milhões de dólares, depois de ter multiplicado por 3,2 a sua cotação desde janeiro: 366 milhões de dólares mais.

A 21 de março passado, a empresa, que começou as suas operações em abril de 2007, tinha 92 empregados, dos quais 74 estavam dedicados a atividades de I&D.

Menos sorte teve a Sarepta, cuja cotação está praticamente ao mesmo nível que no começo do exercício. Com sede no Estado de Delaware (um paraíso fiscal) e escritórios centrais em Cambridge, Massachusetts, o seu tratamento contra a doença, que tem demonstrado uma taxa de sucesso entre 60% e 80% em macacos, deixou de receber fundos da Administração norte-americana em 2012.

A grande incógnita é quanto valeria a californiana Mappbio, fabricante do ZMapp se estivesse cotada na bolsa. Fundada em 2003 pelo biólogo Larry Zeitlin e com sede em San Diego, apenas tem uma dezena de empregados e o seu soro, que foi usado sem sucesso no missionário espanhol Miguel Pajares, está esgotado. As autoridades norte-americanas estão a trabalhar com a farmacêutica para acelerar a produção de novas doses.

No compêndio de empresas que desenvolvem tratamentos contra o ébola também figuram outras de maior tamanho como a Toyama Chemical, filial da japonesa Fujifilm (o seu fármaco chama-se Favipiravir), ou a britânica GlaxoSmithKline (GSK), cujo composto para o HIV Lamivudine se mostrou eficaz para a doença, segundo assegurou em 2 de outubro um médico liberiano.

Artigo de Antonio M. Vélez publicado a 7 de outubro de 2014 em eldiario.es. Tradução de Carlos Santos para esquerda.net