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Relatório sobre arroz aponta alternativas aos transgénicos

Tecnologias novas, ambientalmente sustentáveis e de consumo amigável tornam a imprecisa engenharia genética obsoleta e desnecessária, afirma o relatório "Futuro do Arroz" lançado pelo Greenpeace. Ao destacar um futuro ambientalmente sustentável para o alimento básico mais importante do mundo, o relatório desmascara o mito de que as empresas de engenharia genética como a Monsanto podem assegurar o futuro do arroz. No lançamento do relatório, o Greenpeace ganhou a adesão de fazendeiros indianos que protestavam contra campos de testes de engenharia genética na Índia e exigiu o fim de tais campos para proteger o futuro e a segurança das provisões de alimentos em todo o mundo.
Veja o resumo do relatório em português.
Veja o relatório completo em inglês.

 

O relatório revela a riqueza de soluções encontradas por fazendeiros e cientistas para melhorar a produção de arroz e aumentar a renda dos produtores pelo uso de tecnologias como a selecção assistida por marcador molecular (MAS na sigla em inglês - ‘marker assisted selection').

"Este ano vimos a contaminação de provisões globais de arroz - o alimento básico mais importante do mundo - por variedades ilegais de arroz geneticamente modificado dos Estados Unidos e da China", afirmou Divya Raghunandan, da campanha de transgénicos do Greenpeace Índia. "Não é preciso mais provas de que as plantações transgénicas são perigosas e não podem ser contidas. O relatório mostra que não há necessidade de nos arriscarmos com os transgénicos - soluções para os problemas da produção de arroz existem e vêm sendo usadas nos laboratórios e plantações de todo o mundo", afirma ela.

O relatório, co-redigido por dois cientistas especialistas em produção de arroz (Emerlito Borromeo, PhD em genética e Debal Deb, PhD em ecologia), examina os desafios actuais em relação ao produto, como as pragas e doenças, agrotóxicos e colheita. O texto destaca soluções cientificamente comprovadas, actualmente usadas por produtores de todo o mundo. "As soluções reais para assegurar uma produção sustentável de arroz já existem em fazendas ao redor do mundo. Essas soluções baseadas no conhecimento tradicional das comunidades, quando combinadas com tecnologia de ponta, são muito mais confiáveis e aceitáveis do que a destrutiva agricultura industrial e imprecisa engenharia genética", afirmou Nammalwar, um conhecido cientista da Índia especializado em agricultura orgânica.

Fazendeiros, moleiros e comerciantes de várias partes do mundo estão a enfrentar grandes despesas financeiras como resultado da contaminação das provisões de arroz. Nesse custo inclui-se também testes e recall de produtos, cancelamento de pedidos, proibição de importação, danos à imagem e desconfiança do público consumidor, prejuízos que podem durar anos.

"Os campos de testes de arroz geneticamente modificado ameaçam tanto a integridade da variedade do produto como os benefícios económicos de se produzir arroz não-transgénico. Ao tomar a frente no desenvolvimento de provisões de arroz não-transgénico sustentáveis e de longo prazo, o governo indiano pode tornar-se líder mundial no sector, com benefícios directos para a economia indiana, produtores e comerciantes de arroz, e biliões de pessoas que dependem do arroz como alimento básico", afirmou Divya Raghunandan.

"O arroz é um alimento muito importante para o mundo e não se deve fazer apostas com ele. Existem catualmente cerca de 140 mil variedades diferentes de arroz no mundo, uma diversidade enorme que inclui espécies resistentes a diferentes pragas e doenças, e capacidade de crescer em condições adversas. Não precisamos de transgénicos para se obter vantagens dessas variedades - precisamos é preservar esse recurso natural e esse conhecimento, e combiná-los com técnicas avançadas de criação", disse Divya. "Governos e institutos de pesquisa de todo o mundo têm que abandonar os campos de testes de engenharia genética e focar as suas energias, e também os seus orçamentos de pesquisa, em soluções sustentáveis para proteger a produção global de arroz."

(Envolverde/Greenpeace)

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Neste dossier:

Dossier Transgénicos

Numa altura em que o debate sobre o ambiente se torna cada vez mais central, o Esquerda.net dedica o dossiê desta semana aos Organismos Geneticamente Modificados.

Links

Existe muita informação sobre transgénicos na Internet. Em Portugal destaca-se o site da Plataforma Transgénicos Fora do Prato, onde pode encontrar toda a legislação portuguesa sobre OGMs, bem como as experiências com transgénicos já realizadas em Portugal e o debate público em torno do assunto. Para informações sobre iniciativas europeias  pode consultar este site, onde é anunciada a Terceira Conferência Europeia sobre zonas livres de transgénicos, biodiversidade e desenvolvimento rural, que se realiza a 21 e 22 de Abril deste ano.
Leia mais para ver outros sites 

Vídeo: estudos científicos comprovam riscos dos OGM

Especialistas afirmam: comer OGM é perigoso para a saúde. Mas todos os anos, novos OGM chegam aos nossos pratos. Esta reportagem do Canal + francês revela os estudos científicos que mostram os riscos tóxicos dos OGM.

2006 foi ano recorde em acidentes com transgénicos

O relatório "Registos de Contaminação Transgénica", divulgado pela Greenpeace em Fevereiro deste ano, afirma que 2006 foi o ano com maior número de acidentes com transgénicos.

A ameaça transgénica na Ásia

Sendo a Ásia o continente que mais produz arroz, alimento básico para cerca de três biliões de pessoas, a recente introdução de variedades transgénicas deste cereal motivou a preocupação de muitos activistas, que participaram, no final do mês de Março deste ano, na Semana de Acção pelo Arroz.

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Transgénicos pela multinacional Monsanto

A Monsanto é uma empresa multinacional, especializada em biotecnologia vegetal. É actualmente uma das maiores empresas mundiais do comércio de transgénicos e teve, em 2005, negócios no valor de 5,4 mil milhões de dólares. O seu slogan é "Alimentos em abundância em um meio ambiente saudável".
Publicamos aqui o folheto "Transgénicos. Para ter opinião tem que ter informação.", do site da Monsanto Brasil.

Carta Aberta de Cientistas do mundo a todos os governos

Esta carta, datada de Setembro de 2000, foi enviada a governos e fóruns internacionais, como a Organização Mundial do Comércio, a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, a Convenção sobre a Diversidade Biológica da ONU. Nela, 828 cientistas de 84 países apelam à suspensão imediata de todas as difusões no meio-ambiente de culturas e produtos Geneticamente Modificados, tanto comercialmente quanto em testes em campo aberto.

Às três, será de vez?

Diz-se que há uma primeira vez para tudo. No caso dos organismos geneticamente modificados (OGM) a inocência terminou a 16 de Outubro de 1999 com a publicação, na prestigiada revista científica Lancet, do artigo de Ewen e Pusztai intitulado «Effect of diets containing genetically modified potatoes expressing Galanthus nivalis lectin on rat small intestine».

12 perguntas e respostas sobre transgénicos

Transgénicos são plantas criadas em laboratório com técnicas da engenharia genética que permitem "cortar e colar" genes de um organismo para outro, mudando a forma do organismo e manipulando sua estrutura natural a fim de obter características específicas.
Não há limite para esta técnica; por exemplo, é possível criar combinações nunca imaginadas como animais com plantas e bactérias.

Publicamos aqui 12 perguntas e respostas sobre transgénicos, retiradas do site da Greenpeace Brasil.

Gualter Baptista: o objectivo é uma moratória do cultivo de transgénicos

Nesta entrevista à Esquerda.Rádio, o coordenador da campanha contra os transgénicos e activista do Gaia Gualter Baptista fala dos estudos recentes que dão conta de alterações renais e hepáticas em ratinhos de laboratório provocados por uma variante de milho transgénico, estudos esses que vinham a ser ocultados pela multinacional Monsanto.

Transgénicos em África: combater a fome, ou acumular lucros?

Nesta adaptação de dois artigos de Natália Suzuki (Carta Maior), torna-se claro como as empresas de biotecnologia fazem lobbies com governos locais para conseguir introduzir espécies transgénicas na agricultura africana, incutindo a ideia de que a solução para a fome do continente empobrecido é a produção de OGMs e as suas novas tecnologias. No entanto, além de consequências ambientais graves, os trangénicos levantam um grave problema político. É que no mundo todo há apenas três companhias que produzem sementes transgénicas e "quem controla a semente, controla a comida e controla o futuro".

Vídeo: O desastre da soja trasgénica no Paraguai

O Paraguai sofreu uma seca prolongada. As variedades de soja transgénica cultivada no país sofrem perdas de 90%, enquanto as variedades convencionais não transgénicas produziram muito bem. A soja transgénica não aguenta a seca, denuncia este filme produzido pelo governo do Estado do Paraná, no Brasil.