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PSOL faz balanço positivo da sua campanha
O Diretório Nacional do PSOL aprovou, com cerca de 70% dos votos, uma avaliação e balanço das eleições 2018 em que afirma que, num cenário de grande derrota no país com a vitória do reacionário Jair Bolsonaro, o partido obteve expressiva vitória política a partir do papel cumprido por Guilherme Boulos e Sonia Guajajara na campanha presidencial, por ter duplicado a bancada de deputados federais e estaduais e superado a cláusula de barreira.
Pólo de esquerda socialista
No documento aprovado, o PSOL lembra que procurou, ao longo de todo o período em que se desenvolve a crise, trabalhar pela afirmação de um pólo de esquerda socialista capaz de apontar uma saída em favor dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras. “Para isso, trabalhamos em frente única sempre que a democracia e os direitos estiveram ameaçados: no golpe parlamentar de 2016, na luta contra as reformas de Temer, na defesa das liberdades políticas do ex-presidente Lula, no apoio à greve dos caminhoneiros e na denúncia da violência política”.
No entanto, no terreno eleitoral, o PSOL compreendeu “que seria necessário apresentar uma chapa presidencial que expressasse a superação do projeto de conciliação de classes liderado pelo Partido dos Trabalhadores e seus aliados, e plantasse, sem alimentar o sectarismo antipetista, as sementes de um novo ciclo para a esquerda.”
Nasceu assim a candidatura de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara – a primeira liderança indígena a compor uma chapa presidencial em 518 anos de história –, que representou uma ampliação do PSOL nos seus esforços de construção de um novo campo na direção dos movimentos sociais.
Compuseram a aliança eleitoral o PCB, o MTST, a APIB, a Mídia Ninja, movimentos sociais que compõem a frente Povo Sem Medo – como a Intersindical, o Círculo Palmarino, a Unidade Classista, as juventudes RUA, Manifesta, UJC, Juntos e Afronte, além de artistas e intelectuais.
Os primeiros a denunciar a ameaça representada por Bolsonaro
Apesar de todas as dificuldades, diz o balanço aprovado, “estamos seguros de que fizemos uma campanha de esperança. Espalhamos otimismo entre aqueles que apostam no surgimento de uma nova esquerda no Brasil. Por onde passaram, Boulos e Sônia defenderam a superação das experiências do passado e afirmaram a necessidade de uma nova forma de fazer política, de baixo pra cima, com radicalidade e disposição para lutar. Denunciaram os retrocessos de Temer e seus ‘50 tons’ nos debates de TV, evidenciando os vínculos entre o presidente golpista e a maioria dos candidatos que disputavam a eleição. E, principalmente, fomos os primeiros – e por algum tempo, os únicos – a denunciar a ameaça então representada por Jair Bolsonaro.”
Voto útil prejudicou votação presidencial mas número de deputados duplicou
O documento aprovado considera que, apesar de ter sido profundamente afetada pelo “voto útil”, o resultado da eleição presidencial no primeiro turno (0,58% dos votos, o mais baixo desempenho do partido em candidaturas presidenciais) deve ser comemorada. “O medo de uma vitória de Bolsonaro deu qualidade nova a este fenómeno recorrente nas eleições. Muitos apoiadores de Boulos e Sônia migraram para Haddad ou Ciro nas duas últimas semanas, mesmo declarando que nossa candidatura representava o programa e as mudanças que desejavam.”
O desempenho eleitoral fica mais claro quando se verifica que nas candidaturas a deputado federal, o PSOL duplicou a bancada, reelegendo os cinco deputados que se recandidataram e elegendo outros cinco. Os dez deputados que formarão a nova bancada do PSOL têm ainda uma composição paritária: 50% são mulheres.
Com este resultado, o PSOL pôde também superar a cláusula de barreira, que pela primeira vez entrou em vigor, que poria em causa a legalidade do partido se não fosse superada. Esta barreira não foi superada nem pelo PC do B, nem pela Rede de Marina Silva.
Amplo movimento de resistência popular
Findas as eleições, o PSOL decidiu trabalhar para manter unida a aliança social e política que forjou com os atores que sustentaram a candidatura de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara.
“Como aliança, atuaremos para criar um amplo movimento de resistência popular junto com outros movimentos sociais organizados e todos os setores que quiserem lutar pela democracia, direitos sociais, humanos. Na Câmara dos Deputados continuaremos a atuar de forma independente, mas contribuindo para a formação de uma frente democrática de oposição a Bolsonaro e impedir o projeto de destruição dos direitos sociais e humanos. Na organização partidária, reforçaremos as medidas de segurança para fazer frente a violência política disseminado pelos apoiadores de Bolsonaro contra dirigentes e militantes do partido e a da aliança que mantemos com o MTST e a APIB.”
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