Novo Aeroporto Internacional de Lisboa

13 de abril 2007 - 0:00
PARTILHAR

No momento actual de debate público sobre a "solução" que está no terreno, levantam-se algumas questões a cuja resposta se admite que possam servir de orientação para as escolhas a fazer.

A primeira, porventura básica, é a de saber se é justificável um Novo Aeroporto Internacional de Lisboa (NAIL) e para um prazo de dez anos, que se anuncia como absolutamente necessário.

Os dados da movimentação global do aeroporto da Portela, comparativamente com outros aeroportos (ver caixa), permitem concluir que:



1º. A manter-se o ritmo de crescimento, observado na Portela, nos últimos seis anos (2000-2006), medido em nº de movimentos de aeronaves comerciais (aterragens+descolagens), poderemos esperar em 2016 um total de cerca de 185.000 (+39% dos que se registaram em 2006), valor esse que deve situar-se próximo do limite da capacidade do actual aeroporto;



2º. Em termos de passageiros, se o crescimento for o mesmo do registado nos últimos 6 anos (+4,6%, em média anual), isso deverá equivaler em 2016 a cerca de 19 milhões de passageiros/ano, valor esse que, mesmo considerando as obras de aumento de capacidade da placa que estão em curso, deve significar o limite de capacidade do aeroporto da Portela;



3º. Em resultado dos pontos anteriores, parece, portanto, que o volume de passageiros é um ponto crítico para avaliar o momento em que a Portela atinge o seu limite de capacidade (argumenta-se que, com as obras de alargamento em curso, esse limite deverá passar a ser de 18 milhões de passageiros/ano), o qual, considerando uma hipótese de crescimento de +3%/ano (1), à medida que o movimento global for aumentando e admitindo algum impacto da entrada em funcionamento da AV Lisboa-Madrid, o limite dos 18 milhões de passageiros/ano só deverá ser atingido por volta do ano de 2019-2020 (ver caixa).



Embora possa suscitar alguma controvérsia o volume de passageiros que parece corresponder ao limite de capacidade da Portela renovada e aumentada, a conclusão a tirar é que, não se vislumbrando uma redução do tráfego aéreo de passageiros nos anos mais próximos (pelo menos, no que se refere ao aeroporto de Lisboa), a verdade é que mais ano, menos ano, a capacidade da Portela vai-se esgotar e um novo aeroporto torna-se inevitável.



A questão seguinte, será então: um novo aeroporto, com ou sem Portela? Isto é: a melhor alternativa será Portela+1 ou NAIL, com encerramento da Portela?



A resposta a esta questão é crucial. Mas, do ponto de vista das vantagens que o actual aeroporto encerra (situar-se muito próximo do centro da cidade, o que lhe aumenta enormemente a sua acessibilidade, embora apresente muitas questões de segurança que importa considerar), parece aconselhável que o futuro NAIL possa ser construído de tal forma que a sua entrada em funcionamento seja compatível com a manutenção da Portela renovada, de tal forma que seja possível gerir os dois aeroportos numa perspectiva complementar e não mutuamente exclusiva (como é a actual perspectiva que se perfila para o aeroporto da OTA, ou seja, apenas OTA, com encerramento da Portela). Avaliar esta alternativa é condição para a decisão do futuro da Portela, até porque os investimentos previstos para o aumento da capacidade da Portela representam muitos milhões de euros que, à luz da teoria económica, deverão ser rentabilizados num período relativamente alargado de funcionamento.



(1) A taxa de crescimento em passageiros na Portela, observada nos últimos 6 anos (2000-2006), foi de +4,6%/ano.

Termos relacionados: