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Influências: Bill Evans

Em 1983, Sassetti estudava no Passos Manuel, tinha aulas particulares de piano e solfejo e um gosto especial pela música clássica. Um programa da RTP2, Jazz Magazine, que exibiu um concerto do pianista Bill Evans, fê-lo abraçar o Jazz.
Concerto de Bill Evans no S. Carlos, em Lisboa

“Foi uma avalanche de emoções aquele divino concerto gravado ao vivo no Teatro Nacional de

São Carlos (o primeiro dos dois únicos concertos de jazz apresentados nesse Teatro)”, recorda Sassetti no texto “Pianistas, pianistas, pianistas...”. Este concerto, ocorrido em 1975, foi um concerto  estranho, porque não teve bateria. Apenas tocaram Evans ao piano e Eddie Gómez no contrabaixo.

Foi a música de Bill Evans (1929-80) que aproximou o adolescente Bernardo das cores do jazz. “Na minha perspectiva, foi ele que melhor trabalhou a harmonia do (e no) piano, tendo criado uma música muito pessoal ligada, nomeadamente, àquela de alguns dos grandes compositores românticos, tais como Schubert, Schumann ou Brahms. ”

Sassetti recorda que “Miles Davis disse um dia que as suas interpretações de canções e standards serão sempre únicas, definitivas”, mas recorda que a música do pianista americano “esteve sempre em contínuo desenvolvimento, pois se repararem na sua discografia podem verificar que os temas se repetem de disco para disco. ” E prossegue: “O que me atrai muito na sua música é o desenhar constante de inversões e invenções harmónicas, muitas vezes em forma de arpejos ou acordes densos, produzidos pelas duas mãos, como movimento principal para a criatividade incessante das melodias (elogios à poesia) que constrói ao longo dos seus improvisos. Bill Evans reinventa o jazz e reinventa-se no exacto momento em que toca. Para além disso, o cuidado, que sempre lhe senti, com a sonoridade e nuances do instrumento (importante para quem ouve), sugere uma estética singular, uma ponte entre a música erudita e a tradição do jazz. Referido, muitas vezes, como pianista de jazz 'branco', tinha um swing que está para além do swing, branco ou negro. Miles Davis, o mais negro dos negros, foi buscá-lo para o seu quinteto. Com Bill Evans a sua música ganhou inequivocamente uma nova dimensão. Ouça-se 'Kind of Blue'! Azul, branco ou negro? Who cares?”

Depois de Evans, os pianistas que mais influenciaram Sassetti foram Herbie Hancock, Bud Powell, McCoy Tyner , Thelonious Monk, Lennie Tristano , Oscar Peterson, Errol Garner, Ahmad Jamal, Art Tatum, Keith Jarrett.

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Neste dossier:

Vamos ouvir Sassetti!

“Ouçam [a minha música], tentem compreender, gostar, partilhar”, disse o pianista e compositor Bernardo Sassetti, numa das suas últimas entrevistas. Falecido prematuramente aos 41 anos, que melhor homenagem fazer-lhe que não seja ouvir a sua música? Neste dossier, procuramos traçar um percurso, baseado nas palavras do próprio Sassetti, acompanhados de links para vídeos de apresentações e músicas. Dossier de Luis Leiria.   

Sassetti tinha uma aura muito forte, uma maturidade impressionante

Carlos Barreto (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria), integrantes do trio de Bernardo Sassetti durante quase 15 anos, evocam o pianista falecido prematuramente e homenageiam a pessoa séria, bem humorada, competente e multifacetada.

Quem é

Um terrestre à procura de qualquer coisa, sobretudo na música, que ainda não sabe muito bem o que é.

Influências: Bill Evans

Em 1983, Sassetti estudava no Passos Manuel, tinha aulas particulares de piano e solfejo e um gosto especial pela música clássica. Um programa da RTP2, Jazz Magazine, que exibiu um concerto do pianista Bill Evans, fê-lo abraçar o Jazz.

A paixão pelo Jazz

Devia ser considerado um adolescente diferente, não especial, mas diferente, já que, em vez de ouvir os sons da época, passava as horas ligado a Duke Ellington e a Thelonius Monk.  

Os primeiros CDs

 

“A música que faço não se dá bem com a lógica de uma multinacional que, onde aposta, tem que ver de imediato garantias de vendas muito rápidas.”

O trio

O Carlos Barretto e o Alexandre Frazão fazem parte da minha vida de uma forma magnífica. Eles são uma inspiração. 

O duo com o Mário Laginha

“A empatia que partilho com o Mário, de concerto a concerto, tem sido muito enriquecedora para mim.”

3 pianos

"O Bernardo é um grande impulsionador de um lado caótico.” Bernardo Sassetti veste uma expressão mais interrogativa que surpreendida, e todos se riem.  

Música para cinema: “Alice”

“A meu ver, o som deste filme representa o silêncio interior de um pai vs. o som agressivo que o rodeia diariamente na cidade de Lisboa.”

A música

"Uma vez até atingi aquilo de que muitos músicos já me falaram, que é o estado Alfa … é um estado em que já não se sente o próprio corpo. Está-se a fazer, sabe-se o que se está a fazer, mas já não se sente o corpo, perde-se a noção de estar ali."