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Hackers decapitados
"Cortámos a cabeça do LulzSec." Um porta-voz do FBI congratulou-se, em 6 de março, com uma onda de prisões de hackers levadas a efeito nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha. Teve como alvo três grupos de hackers: LulzSec, grupo que nasceu do coletivo informal Anonymous, Antisec que reivindicou a pirataria da empresa privada de informação Stratfor, e Internet Feds.
O infiltrado
Este golpe de asa foi possível graças à confissão de Sabu, nome de código de Hector Xavier Monsegur. Este nova-iorquino de 28 anos recolheu, durante meses, informações para o FBI, de acordo com a Fox News, que revelou a história. Um importante meio de comunicação, porque Sabu era acusado de "participar num ataque cibernético contra os computadores da Fox", de acordo com a acusação feita pelo promotor de Nova York, Preet Bharara.
Nesse documento, as alegações detêm-se bruscamente em 7 de junho de 2011, quando Sabu foi preso pelas autoridades norte-americanas. A 15 de agosto, declarou-se culpado de doze acusações. O FBI substituiu o seu laptop por outro que foi mantido sob vigilância.
"Membro influente de três organizações de hackers", foi acusado de ter participado em atividades ilegais dentro de três coletivos: Anonymous, LulzSec e Internet Fed. Aos dois últimos grupos pertencem alguns dos membros presos recentemente.
"Não foi fácil", disse à Fox News um agente do FBI que participou na confissão de Sabu. "Conseguimos graças aos seus filhos. Ele não queria ir para a cadeia e separar-se deles. Foi assim que conseguimos."
A acusação detalha as operações em que Sabu participou. Primeiro dentro dos Anonymous, durante as revoltas árabes. É acusado de ter atacado sites governamentais na Argélia e na Tunísia, e de ter identificado e testado, sem autorização, falhas de segurança em servidores do Iémene e do Zimbabué. Com o coletivo Internet Feds, terá participado nas piratarias de HBGary, de The Tribune e de Fox.
No que respeita aos ataques realizados com LulzSec, a lista é mais longa e os alvos mais graves: o Senado dos EUA, a estação de rádio americana PBS, uma sucursal de uma empresa dos EUA a trabalhar com o FBI, InfraGard-Atlanta, Sony, Nintendo e Bethesda Softworks.
Pirataria da Stratfor
"Eu sei que um dos membros da LulzSec ("CW-1 ") foi preso pelas autoridades e concordou em cooperar com o governo na esperança de obter uma redução da pena. CW-1 declarou-se culpado de acusações diversas (...). De acordo com a minha pesquisa, as informações fornecidas pelo CW-1 são fiáveis e corretas, e foram corroboradas por outras informações obtidas no âmbito desta investigação."
Esta declaração, que aponta Sabu sem o nomear, vem do agente especial do FBI Milan Patel. Ela consta na acusação do procurador contra Jeremy Hammond, preso segunda-feira em Chicago. É um dos arquitetos do ataque à Stratfor, empresa de espionagem privada da qual a Wikileaks publica as trocas internas de mails desde 27 de fevereiro. A pirataria das caixas de correio da empresa é reivindicada pelo AntiSec, um grupo de hackers criado em junho de 2011, composto por "vários membros da LulzSec", de acordo com o agente especial do FBI.
Os serviços federais seguem a pirataria à Stratfor através do acesso aberto por Sabu. Os hackers utilizam protocolos seguros para a troca de conversas e documentos. Armazenam dados roubados da Stratfor em servidores ocultos (.onion) acessíveis usando Tor, um software para tornar anónima a navegação na internet.
No momento de piratear, o FBI pede a Sabu para fornecer aos hackers da AntiSec um servidor para armazenar os dados. O agente especial Milan Patel autentica-os, comparando-os com os disponíveis no servidor oculto (.onion). As discussões em tempo real entre Sabu e Jeremy Hammond são criptografadas, mas o agente do FBI recebe uma cópia. A partir de 6 de dezembro, Jeremy Hammond diz ter escolhido um novo alvo, a Stratfor. Poucos dias depois, em 19 de dezembro, ele anuncia que todas as mensagens internas da empresa de inteligência privada foram copiadas.
Tradução de Deolinda Peralta para o Esquerda.net
Publicado por Owni.
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