Jorge Humberto Nogueira

Jorge Humberto Nogueira

Professor, mestre em Educação Especial e Inclusão.

O impacto na progressão de cada jovem é a verdadeira medida do sucesso e não um ranking que compara o incomparável para destruir uma conquista fundamental, aumentando a transferência de verbas do Estado.

Não se pode promover a inclusão e a equidade na primeira infância, sem desenvolver um serviço de Intervenção Precoce com qualidade, universal no acesso e com recursos suficientes para as necessidades do país.

Sem um investimento sério na Escola Pública, através de medidas estruturais que a tornem atrativa, forte e qualificada, teremos mais desigualdades e assimetrias, que criarão escolas a duas velocidades, com um custo brutal para os mais desfavorecidos e para o futuro do país.

Com o crescimento dos discursos de ódio que potenciam o preconceito e os estereótipos na nossa sociedade, aumenta a necessidade de promover uma escola que combata a discriminação e as desigualdades de forma transversal, nomeadamente o racismo e a xenofobia.

Se a devolução faseada tivesse começado em 2019 conforme proposta chumbada no Parlamento, o assunto estava resolvido, mas é bom recordar que PS, PSD e CDS juntaram-se para o impedir. Assistimos agora a este triste jogo com o tempo, para deixar cada vez mais pessoas de fora.

Este Governo despede-se deixando todos os problemas da Educação Pública por resolver, após o falhanço negocial para valorizar a carreira e as condições de trabalho dos professores.

Faltam recursos para a equidade e combater desigualdades, num sistema educativo que não se apropriou dos princípios da inclusão.

A Escola Inclusiva é, desde logo, uma organização profundamente democrática, que acolhe os seus profissionais e onde os professores têm de ser incluídos, participar ativamente e sentir que a sua voz é ouvida e respeitada.

Uma rede pública de creches com tutela única educacional é a melhor forma de ter uma educação da primeira infância com igualdade, qualidade e com educadores dentro da carreira docente. Em vez disso o Estado prefere financiar e depender do sistema privado.

A resolução da falta de docentes não se faz com remendos de curto prazo, de eficácia duvidosa e que não tocam no essencial, perpetuando a velha máxima de atamancar alguma coisa, para que o fundamental não mude.