João Ricardo Vasconcelos

João Ricardo Vasconcelos

Politólogo, autor do blogue Ativismo de Sofá

Embora seja praticamente consensual que este momento de reflexão deva assumir palcos públicos, a exposição e consequente risco a que a organização fica sujeita é significativo.

Como é possível que, num momento de austeridade ímpar, o povo tenha confiado maioritariamente em quem defende nada mais, nada menos, do que ainda mais austeridade?

É sobretudo da conquista do eleitorado que flutua entre o centro-esquerda e a esquerda que pode depender a repetição dos bons resultados obtidos pelo Bloco e pelo PCP há dois anos atrás.

É muito mais fácil comentar uma gafe ou um outro qualquer fait divers do que discutir política.

Será sobretudo nos domínios da comunicação que se jogará o resultado das próximas eleições. Gostemos ou não, mais do que o conteúdo, será sobretudo a forma como o mesmo será apresentado pelos diversos partidos que determinará o sucesso ou insucesso neste pouco mais de um mês que resta até ao grande dia.

Passos está a conseguir a grandiosa façanha de descer nas sondagens perante um Governo que se encontra a tomar medidas de austeridade sem paralelo.

O fim do modelo de avaliação dos professores pode e deve ser assumido como um importante precedente perante outros modelos em vigor. O modelo de avaliação dos funcionários públicos - SIADAP - é o exemplo que salta logo à vista neste sentido.

Toda a envolvência do anúncio do PEC 4 foi simplesmente desastrosa para o governo. Pior momento e pior forma de o fazer seriam difíceis.

A aposta da oposição à direita (sobretudo do PSD) consiste na espera. Aguarda-se a gota de água oportuna que permita começar a defender abertamente a dissolução do Governo.

O rotativismo é uma coisa, a falta de diferenciação ideológica é outra e a não distinção ideológica é ainda outra.