Catarina Martins

Catarina Martins

Coordenadora do Bloco de Esquerda. Deputada. Atriz.

Hoje sabemos que para este governo há algo que ainda vale menos que as pensões: a sua própria palavra.

A saída da crise ou o fim da chantagem da finança não estão no horizonte do Governo. Apenas mais do mesmo, em mais pobre.

Ao contrário do que repete a direita, a pergunta não é se nos podemos dar ao luxo de ter o estado social, que é a condição de igualdade que fez a nossa democracia, mas se pelo contrário nos podemos dar ao luxo de não ter Estado Social.

No dia 29 de Setembro temos as primeiras eleições autárquicas da era da troika. É a oportunidade de avaliar a política de empobrecimento e desemprego que varre o país e atinge cada concelho e cada freguesia. É o dia em que temos todas e todos o mesmo poder: cada voto vale o mesmo.

Cavaco Silva faz a democracia refém, substitui-se ao governo e anuncia ele próprio uma moção de confiança. A salvação do país é a última coisa que interessa a Cavaco Silva. O seu registo é outro. A salvação da direita. Nem que seja à custa da destruição do país.

Depois de termos um governo tutelado por Belém, Cavaco Silva quer condicionar as próximas eleições e ciclo eleitoral.

Passos Coelho escreveu uma carta à troika sobre os cortes no Estado Social. Aí avisa que está a estudar cortes adicionais desde o verão de 2012. Esta informação é uma raridade na comunicação governamental: é verdadeira.

Vítor Gaspar propõe mais de uma década de austeridade. O ministro que fala vagarosamente e erra depressa – três previsões em três meses e sempre a descer – propõe a ditadura do empobrecimento.

Os milhares que no sábado, 2 de Março, vão encher as ruas do país, sabem que este Governo é incapaz de tirar o país da crise. E fazem por Portugal o que este governo é incapaz de fazer: mostram à troika, à Europa e ao mundo, que há um povo que não aceita ser espezinhado e que exige outro rumo.

“A redução do défice, em si mesma, não é um plano económico”. Quem o disse foi Barack Obama que fala em aumentar o salário mínimo em 24% - isso mesmo, 24% -, porque “quem trabalha a tempo inteiro não pode viver na pobreza”.