Está aqui
Mélenchon juntou multidão em Paris para apelar a uma “união popular”

“Chegou a hora da VI República”, exclamou Jean-Luc Mélenchon, citado pelo Le Monde no comício deste sábado. Um discurso feito no fim da marcha entre as Praças da Bastilha e da República, no centro de Paris. Segundo a organização, terão participado mais de 100 mil pessoas nesta iniciativa, um banho de multidão a dar força ao candidato da França Insubmissa para as últimas três semanas de campanha.
Para levar a cabo essa VI República, o candidato conta com o trabalho de "uma assembleia constituinte e não um pequeno comité de peritos que vêm ter convosco e perguntam se concordam ou não com as suas conclusões”. E cujo resultado “não será apenas a escrita de uma nova regra do jogo” e de relançar a participação democrática, mas também a oportunidade para combinar “a estabilidade das instituições, sem as quais não podemos viver democraticamente em paz, como a possibilidade permanente de o povo intervir” quer através de referendos de iniciativa cidadã quer do mecanismo do referendo revogatório para “afastar os eleitos que não respeitaram o seu mandato”.
Plus de 100 000 personnes à Paris scandant « Union populaire ».#MarchePourLa6eRepublique pic.twitter.com/mWPnoEYiNy
— L'insoumission (@L_insoumission) March 20, 2022
Mas antes quis começar por dedicar a mobilização popular deste sábado “à resistência do povo ucraniano contra a invasão russa e aos russos corajosos que resistem no seu próprio país à guerra e ao mesmo tempo à ditadura”. E acrescentou que seja “na guerra ou nas alterações climáticas, este povo que aqui está e de quem tenho a honra de ser o porta-voz neste momento, sabe que a trajetória do mundo está a mudar” e em vez de se resignar prefere dizer com todas as forças que “um outro mundo é necessário”.
E a esse povo dirigiu o apelo ao voto, dizendo que “cada um tem a chave da segunda volta que abre a porta” do Eliseu e apelando à “responsabilidade moral” do eleitorado. “Ao escolherem a união popular na primeira volta, estão a fazer uma escolha de sociedade, pois esse é agora o sentido desta eleição. Por isso sim, esta eleição é um referendo social”, prosseguiu Mélenchon, destacando a proposta da redução da idade da reforma para os 60 anos, quando Macron pretende aumentá-la para os 65 anos.
Na sua proposta, a pensão mínima para uma carreira contributiva de 40 anos não poderá ser inferior aos 1.400 euros de salário mínimo e a antecipação da idade de reforma permitirá criar emprego “para os 100 mil jovens que entram no mercado de trabalho a cada ano”. Por outro lado, a proposta permitirá poupanças ao retirar do subsídio de desemprego cerca de 200 mil pessoas entre os 60 e os 62 anos.
Durante a sua intervenção, o candidato destacou as suas propostas de emergência para a crise energética, como a do preço fixo da gasolina a 1,40 euros por litro ou a gratuitidade dos transportes públicos durante este período e não poupou críticas a Macron e ao seu “quinquénio de violências sociais” marcado pela “destruição do código do trabalho por decretos”, a redução dos subsídios de desemprego no ano passado, a ausência de debate sobre os resíduos nucleares ou a participação na guerra no Mali. E prometeu que o governo da União popular irá amnistiar todos os coletes amarelos condenados,que considera “vítimas do autoritarismo”.
Campanha centrada no apelo ao "voto eficaz" da esquerda
Com estas propostas e a grande mobilização deste sábado, Mélenchon espera atrair o voto da esquerda, que se apresenta fragmentada em várias candidaturas com pouca expressão nas sondagens. Para o seu diretor de campanha, Manuel Bompard, trata-se do apelo ao “voto eficaz”, dado que “a fasquia de acesso à segunda volta está entre 15% e 18% e ainda há três ou quatro pontos percentuais para ir buscar a Fabien Roussel e Yannick Jadot”.
A primeira volta das presidenciais francesas está marcada para 10 de abril e as sondagens colocam apenas o atual Presidente Emmanuel Macron seguro na segunda volta. Na mais recente, publicada no Le Monde, o recandidato conta com 29% das intenções de voto. A larga distância estão os candidatos da extrema-direita, agora perseguidos pelas declarações elogiosas que fizeram no passado em relação a Vladimir Putin: Eric Zemmour tem sido o mais prejudicado, recuando para os 13% de intenções de voto e aumentando a desvantagem para Marine Le Pen, com 16%. Em sentido contrário vem Jean-Luc Mélenchon, que consolidou a primeira posição à esquerda com 12%. Segue-se a candidata de direita Valérie Pécresse com 10,5%, Yannick Jadot, dos Verdes (7%), o comunista Fabien Roussel (4%) e a socialista Anne Hidalgo (2,5%). Abaixo da fasquia dos 2% estão outros dois candidatos da direita, Nicolas Dupont-Aignan (2%) e Jean Lassalle (2%), e os da esquerda radical: Philippe Poutou, do NPA (1,5%) e Nathalie Arthaud, da Lutte Ouvriere (0,5%).
Adicionar novo comentário