"FMI está a tentar fazer autêntico golpe de Estado na Europa"

27 de junho 2015 - 10:24

Durante uma visita à Feira de S. João, em Évora, Catarina Martins reafirmou a sua solidariedade com a Grécia, sublinhando que o Fundo "quer derrubar um governo que foi legitimamente eleito". A porta-voz bloquista falou ainda sobre a intenção do governo português de atrasar mais uma semana o início do ano letivo e a tentativa de acabar com a isenção de taxas moderadoras na Interrupção Voluntária da Gravidez.

PARTILHAR
Foto de Paulete Mtos.

Tínhamos, há dois dias, uma proposta de acordo do governo grego que os parceiros europeus consideraram aceitável” e que “protegia pensões e rendimentos mais baixos, taxando grandes fortunas e taxando quem nunca pagou impostos”, afirmou, esta sexta-feira, a dirigente bloquista aos jornalistas.

"Mas agora, vem o FMI dizer que essa proposta é inaceitável. O que o FMI está a tentar fazer na Europa é um autêntico golpe de Estado, ou seja, quer derrubar um governo que foi legitimamente eleito e quer acabar com um programa legitimamente sufragado pelo povo grego”, acrescentou.

Para Catarina Martins, o que está em causa não é “a sustentabilidade económica do programa que o governo grego propõe, até porque os parceiros europeus já tinham reconhecido que era possível, que era um caminho viável e que tinha que ter como uma segunda fase a reestruturação da dívida, como o próprio presidente francês veio reconhecer”.

Segundo a porta voz do Bloco, o que se passa é que o FMI “faz o processo recuar para proteger os interesses das grandes fortunas”, e, “acima de tudo, para tentar que, na Europa não possa haver um outro futuro que não a austeridade permanente, que não o sacrifício permanente dos povos”.

“O que hoje se exige é que cada pessoa que acredita na democracia na Europa” e “que não desiste de viver com dignidade, esteja solidária com o governo grego e não compactue com este autêntico golpe de Estado que o FMI está a tentar fazer na Europa”, apelou.

Entretanto, Alexis Tsipras, anunciou que a Grécia vai referendar a proposta dos credores no domingo, 5 de julho.

Falta de respeito deste Governo por todas as famílias é inaceitável

Perante a notícia de que o executivo pretende atrasar mais uma semana o início do ano letivo, Catarina Martins frisou que “a falta de respeito deste Governo por todas as famílias e por todos os jovens e todas as crianças que estão na escola é inaceitável”.

Ainda nem chegámos ao início do ano letivo e já começa a correr mal”, avançou a dirigente bloquista, lembrando ainda que “as escolas estão embrulhadas numa burocracia impossível com pessoal docente e não docente em condições de trabalho que não são próprias para quem quer responder às crianças e aos jovens deste país”.

Segundo a porta-voz do Bloco, esta realidade espelha “a situação de rutura a que este Governo levou as escolas com os sucessivos cortes”, sendo que “já não existem as condições mínimas para se organizar o início do ano letivo”.

Acabar com isenção de taxas moderadoras na IVG “não tem pés nem cabeça”

Sobre a possibilidade de acabar com a isenção de taxas moderadoras na Interrupção Voluntária da Gravidez Catarina Martins defendeu que "que se queira, agora, mexer numa lei que tem resultados provados na saúde das mulheres e numa sociedade mais civilizada e que protege melhor todas e todos não tem pés nem cabeça".

"O que era uma 'ferida' no nosso país, que era a perseguição às mulheres que abortavam, deixou de ser. Hoje, somos um país que protege melhor" e a lei "foi um sucesso", porque "o número de abortos diminuiu para metade" e "não há mulheres a morrer por abortos clandestinos", vincou.

Por isso, "não se reabra aquilo que já está resolvido, e tão bem resolvido, no nosso país", apelou a porta-voz bloquista.