“Tínhamos, há dois dias, uma proposta de acordo do governo grego que os parceiros europeus consideraram aceitável” e que “protegia pensões e rendimentos mais baixos, taxando grandes fortunas e taxando quem nunca pagou impostos”, afirmou, esta sexta-feira, a dirigente bloquista aos jornalistas.
"Mas agora, vem o FMI dizer que essa proposta é inaceitável. O que o FMI está a tentar fazer na Europa é um autêntico golpe de Estado, ou seja, quer derrubar um governo que foi legitimamente eleito e quer acabar com um programa legitimamente sufragado pelo povo grego”, acrescentou.
Para Catarina Martins, o que está em causa não é “a sustentabilidade económica do programa que o governo grego propõe, até porque os parceiros europeus já tinham reconhecido que era possível, que era um caminho viável e que tinha que ter como uma segunda fase a reestruturação da dívida, como o próprio presidente francês veio reconhecer”.
Segundo a porta voz do Bloco, o que se passa é que o FMI “faz o processo recuar para proteger os interesses das grandes fortunas”, e, “acima de tudo, para tentar que, na Europa não possa haver um outro futuro que não a austeridade permanente, que não o sacrifício permanente dos povos”.
“O que hoje se exige é que cada pessoa que acredita na democracia na Europa” e “que não desiste de viver com dignidade, esteja solidária com o governo grego e não compactue com este autêntico golpe de Estado que o FMI está a tentar fazer na Europa”, apelou.
Entretanto, Alexis Tsipras, anunciou que a Grécia vai referendar a proposta dos credores no domingo, 5 de julho.
Falta de respeito deste Governo por todas as famílias é inaceitável
Perante a notícia de que o executivo pretende atrasar mais uma semana o início do ano letivo, Catarina Martins frisou que “a falta de respeito deste Governo por todas as famílias e por todos os jovens e todas as crianças que estão na escola é inaceitável”.
“Ainda nem chegámos ao início do ano letivo e já começa a correr mal”, avançou a dirigente bloquista, lembrando ainda que “as escolas estão embrulhadas numa burocracia impossível com pessoal docente e não docente em condições de trabalho que não são próprias para quem quer responder às crianças e aos jovens deste país”.
Segundo a porta-voz do Bloco, esta realidade espelha “a situação de rutura a que este Governo levou as escolas com os sucessivos cortes”, sendo que “já não existem as condições mínimas para se organizar o início do ano letivo”.
Acabar com isenção de taxas moderadoras na IVG “não tem pés nem cabeça”
Sobre a possibilidade de acabar com a isenção de taxas moderadoras na Interrupção Voluntária da Gravidez Catarina Martins defendeu que "que se queira, agora, mexer numa lei que tem resultados provados na saúde das mulheres e numa sociedade mais civilizada e que protege melhor todas e todos não tem pés nem cabeça".
"O que era uma 'ferida' no nosso país, que era a perseguição às mulheres que abortavam, deixou de ser. Hoje, somos um país que protege melhor" e a lei "foi um sucesso", porque "o número de abortos diminuiu para metade" e "não há mulheres a morrer por abortos clandestinos", vincou.
Por isso, "não se reabra aquilo que já está resolvido, e tão bem resolvido, no nosso país", apelou a porta-voz bloquista.