Homenagem a Miguel Portas encheu o São Luiz

"Para o caso de isto correr mal", escreveu Miguel Portas ao escolher o Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em Lisboa, para juntar amigos e família. O espaço foi pequeno e as portas da Sala Principal também se abriram para mais de mil pessoas assistirem às intervenções, músicas e imagens que evocaram a memória de um "sonhador incorrigível". [Fotogaleria de Rui Palha]

30 de abril 2012 - 18:41
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A sessão evocativa que Miguel Portas desejou em vida juntou cerca de mil pessoas ao longo da tarde de domingo. Com as imagens da sessão a serem projetadas numa tela do teatro, foi com a sua versão de "Traz um Amigo Também" que Mário Laginha abriu o programa desta homenagem. Os outros momentos musicais  da tarde foram interpretados por Aldina Duarte, Tito Paris, Mísia, Khalil Ensemble e Xana. Rita Blanco leu algumas passagens do livro "Périplo", acompanhada da projeção de fotografias desse roteiro de Miguel Portas pelos países do sul do Mediterrâneo para o documentário com o mesmo nome. Impedido de estar presente em Lisboa na homenagem, o músico  Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés, gravou uma música com a banda "Ladrões do Tempo" e dedicou-a a Miguel Portas.



Marisa Matias, a eurodeputada do Bloco que o acompanhou durante o mandato, fez a primeira intervenção, lembrando Miguel Portas como "um sonhador absolutamente incorrigível" para quem "a política não era outra coisa senão as pessoas". Ruben de Carvalho referiu-se à música de abertura da sessão para dizer que  trazer outro amigo "foi o que o Miguel fez toda a vida", recordando os quarenta anos de amizade e os muitos desacordos que também a foram construindo. Também António Costa lembrou a amizade antiga que mantinha com Miguel Portas e destacou a "personalidade transbordante de energia e criatividade, sempre em inevitável tensão com os limites inerentes às organizações em que militante e disciplinadamente se procurava enquadrar".



Os dirigentes bloquistas João Semedo e Francisco Louçã também intervieram na sessão, com o primeiro a destacar "o impulso da sua iniciativa solidária e generosa" que o fazia combater "sempre pelos de baixo". Louçã destacou o amor e "o romantismo de procurar os outros, de aprender com os outros" em todas as alturas da vida. "O romantismo de escolher e acreditar, arriscar e perder, arriscar e lutar", sublinhou Louçã, recordando o fundador do Bloco falecido a 24 de abril. Entre as duas intervenções, foi projetado o filme "O Miguel no Bloco", que regista algumas das intervenções mais marcantes do dirigente político e eurodeputado.



As intervenções da família couberam a Paulo Portas e aos filhos Frederico e André. "Adorávamo-nos para além de todas as diferenças, eu diria até um pouco mais, adorávamo-nos também por causa das nossas diferenças", disse Paulo Portas, numa intervenção emocionada. Os filhos de Miguel Portas, com 15 e 17 anos,  recordaram o pai como um exemplo a seguir. "Em 1999 disse a uma revista ‘sou mau pai, mas hei de ser bom'. Remediou-se", disse André Portas, despertando risos na plateia.

 

(notícia atualizada às 11h40)

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