A22: Utentes dizem que suspender as portagens é a solução que resta

05 de março 2012 - 2:04

Depois da ameaça da Comissão Europeia ao governo, por considerar algumas normas da introdução de portagens nas es-SCUT contrárias à legislação comunitária, os utentes da Via do Infante prometem radicalizar a luta.

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Utentes da Via do Infante não desarmam e querem ver as portagens suspensas. Foto Paulete Matos

"O governo abriu uma autêntica caixa de Pandora e só lhe resta uma solução – suspender as portagens nas ex-SCUT", afirmou à Agência Lusa João Vasconcelos, da Comissão de Utentes da Via do Infante, para quem as ilegalidades apontadas pela Comissão - e imediatamente desvalorizadas pelo governo de Passos Coelho - porão em casa todo o complexo sistema inventado pelo Governo.



«Mesmo que uma das ilegalidades tenha a ver com os descontos ou isenções de viagens, como vai o Governo proceder? Vai considerar descontos e isenções para os espanhóis e outros cidadãos da União Europeia? Então e todos os cidadãos nacionais, de norte a sul do país, dos Açores, da Madeira e até os emigrantes, vão ficar de fora?" questiona João Vasconcelos.



O activista contra as portagens na Via do Infante recordou ainda que as portagens introduzidas em dezembro passado «violam tratados internacionais sobre cooperação transfronteiriça, como o Tratado de Valência, assinado por Portugal e Espanha, de onde deriva a Eurorregião Algarve-Alentejo-Andaluzia».



Para os utentes da A22,  «quem está a mentir nesta matéria é o governo, pois todos sabem que as portagens violam directivas comunitárias, como seja a livre circulação de pessoas, e representam um criminoso obstáculo e um grave retrocesso social, económico e cultural para regiões onde não há alternativas em termos de mobilidade, como acontece no Algarve e em todas as regiões servidas pelas antigas SCUT».



O resultado da introdução das portagens tem sido a perda significativa de tráfego nas ex-SCUT e o aumento nas estradas nacionais que cobrem essas regiões. Outra consequência negativa do maior tráfego nessas estradas, sobretudo de automóveis pesados e por isso sujeitos a portagens mais caras, é o aumentado já registado dos "pontos negros" de acidentes rodoviários.