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Sita Valles, 70 anos
Se estivesse viva, Sita Valles teria feito 70 anos neste dia 23 de agosto. Porém, a jovem médica, militante comunista em Portugal e mais tarde militante do MPLA, nascida em Cabinda e que atravessou duas revoluções – a portuguesa e a angolana – foi executada, por aqueles a quem chamava de camaradas, quando tinha apenas 25 anos e era mãe de um bebé nascido seis meses antes.
Quarenta e quatro anos após a sua morte, não se conhece a identidade dos executores nem quem proferiu a ordem fatal. Tampouco se sabe a data precisa do fuzilamento, que terá ocorrido entre 19 de junho e 1 de agosto de 1977. Mas não restam dúvidas sobre quem foi o responsável pela sua execução: Agostinho Neto, que deu rédea solta aos torcionários da polícia política, a DISA, ao afirmar que “certamente, não vamos perder muito tempo com julgamentos. Nós vamos ditar uma sentença.” Este apelo às sangrentas perseguições que se seguiram foi feito pelo então presidente de Angola um dia após os acontecimentos do 27 de Maio de 1977, quando uma série de ações militares e de mobilização de massas lançadas pelos “nitistas” (de Nito Alves) deram o pretexto aos “netistas” (de Agostinho Neto) para desencadearem uma matança que pode ter chegado a 30 mil vítimas, de acordo com um cálculo feito pela Amnistia Internacional
No dia 26 de maio de 2021, às vésperas do 44º aniversário daquele evento, o atual presidente de Angola, João Lourenço, de forma inesperada, pediu “humildemente”, “em nome do Estado angolano”, “desculpas públicas pelo grande mal que foram as execuções sumárias naquela altura e naquelas circunstâncias". Lourenço anunciou que seria iniciado o processo de entrega das primeiras certidões de óbito aos familiares e também a localização dos restos mortais e ossadas das vítimas, para exumação e entrega aos familiares, citando explicitamente Nito Alves, Sita Valles, José Van Dunem e outros. Foi a primeira vez, a seguir ao 27 de Maio, que o nome de Sita Valles foi pronunciado por um chefe de Estado angolano.
Durante todos estes anos, o nome de Sita Valles era “impronunciável”. José Eduardo dos Santos, que sucedeu a Agostinho Neto e poucas responsabilidades diretas teve sobre a repressão ao 27 de Maio, não se apiedou nem do sofrimento dos pais de Sita, que, de Lisboa, apelaram insistentemente às autoridades angolanas para que confirmassem a morte ou o paradeiro de dois dos três filhos, Sita e Ademar (Edgar Valles, o terceiro, escapou à morte porque veio para Lisboa antes dos acontecimentos). Nunca receberam resposta e faleceram sem poder fazer-lhes o luto.
Diante disto, podemos ter uma ideia da emoção que o pedido de desculpas do atual presidente de Angola terá despertado ao irmão Edgar Valles, ao filho João Van Dunem e a todos os sobreviventes e órfãos do 27 de Maio.
É, por isso, preocupante, que passados três meses do discurso de João Lourenço, não haja ainda qualquer notícia sobre a localização dos restos mortais de Sita Valles e seus camaradas. Não é verossímil que as autoridades angolanas não saibam onde foi fuzilada e enterrada. Não é possível que o Estado angolano não tenha esse registo. Aliás, diz-se que Onambwe (Henrique Santos), um dos principais responsáveis da DISA, assistiu pessoalmente ao fuzilamento de Nito Alves. Onanbwe está vivo.
Por que prolongar ainda mais a agonia dos familiares, dos órfãos, dos sobreviventes?
O presidente João Lourenço tem de honrar a palavra dada. O quanto antes.
Comentários
Eu não participei no
Eu não participei no "Levantamento que originou e realizou o 27 de Maio de 1977. O motivo único foi que não concordava e concordei como se organizou o 27 de Maio, como se diz na gíria, "o 27 de Maio foi concebido em cima do joelho", no Bairro do Prenda, num dos edifícios desse bairro, e que omito o local prepositadamente. Sou o único sobrevivente do 27 de Maio de 1977 que esteve presemte nessa reunião, que se realizou no Bairro Prenda num dos seus edifícios, o qual tb omito.Eu era militar das FAPLA, e sabia que :" quando os militares se levantam contra o poder instituído, ou ganham ou serão todos fuzilados. Como não concordei como se pensava organizar, é a minha opinião foi derrubada pelos não militares eu abandonei a reunião e fui para minha casa. Não soube e não sabia a que conclusão eles ti há chegado. No dia 27 de Maio estava a dormir qdo a minha tia me acordou para explicar o que estava a acontecer. Quando fui para rua ver o que se passava a minha primeira conclusão foi: "estamos todos fodidos", pk os cubanos intervieram e eram eles que tinham o melhor armamento e foram os cubanos que aniquilaram o 27 de Maio, comandaram e executaram as prisões, os interrogatórios, as torturas físicas, pk os cubanos não tinham ideias, porque as suas ideias, eram as fotocópias dos seus chefe Fidel e outrosos seus seguidores. Enfim iniciram-se as prisões da juventude ANGOLANA, e A. Neto ditou a sentença: Não haverá PERDÃO! Haveremos de ditar uma sentença. Não HAVERÁ PERDÃO!
E com essa palavra mágica, Agostinho Neto mandou CHACINAR MILHARES DE jovens. E com essa acção o Mpla proclamou Neto "herói nacional".
Angola é o único país do mundo em que UM DERROTADO POLÍTICA E MILITARMENTE, cuja acto fundamental por ele comandado e ordenado, foi a sua citação;
-NÃO HAVERA PERDÃO. HAVEREMOS DE DITAR UMA SENTENÇA. NÃO HAVERA PERDÃO.
E assim A. Neto tounou-se herói por ter mandado CHACINAR MILHARES DE JOVENS ANGOLANOS EM 1977, em que A. Neto foi SIMULTÂNEAMENTE, ié, desempenhou SIMULTÂNEAMENTE as funções de,:
1° Maior CHACINADOR de jovens no mundo, num só acto de fuzilamento.
2° Transformou Angola num país em que os dirigentes do Partido apoderarsm-se ilegalmente de riquezas do estado angolano.
"NETO FOI O MAIOR CHACINADOR DE ANGOL É DE ÁFRICA.
Amadeu Neves (,DEDÉ)
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