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A Odisseia da Praia da Vitória

Perante os resultados da auditoria às contas da autarquia, a presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória optou pelo caminho mais fácil: apresentar um orçamento de fraco investimento, despedimentos de trabalhadores e trabalhadoras e aumento de impostos.

Vânia Ferreira, presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, soma e segue. Mas, não soma para as pessoas e não segue num rumo propício para um concelho que se encontra cada vez mais desgovernado e estagnado.

As duas últimas semanas do ano de 2022 não deixaram dúvidas no fraco e hegemónico desempenho do atual executivo camarário. Aliás, desde que tomou posse e assumiu funções que se têm sucedido casos, denúncias e há um descontentamento, cada vez mais, acentuado, que se constata na leitura que moradores e empresários fazem destes 12 meses de mandato.

Perante os resultados da auditoria às contas da autarquia, Vânia Ferreira, optou pelo caminho mais fácil: apresentar um orçamento de fraco investimento, despedimentos de trabalhadores e trabalhadoras e aumento de impostos.

Assim de repente, ninguém diria que a senhora presidente vive naquele concelho, ou então, ela mesmo, teria percebido que a cidade da Praia da Vitória é, cada vez mais, uma cidade-fantasma, onde somente os CTT poderão levar a alguma procura do seu centro.

Uma cidade de onde empresas saem e outras ponderam a sua saída. Uma cidade onde casais jovens não encontram condições para se fixar, nem constituir família.

Ainda não recuperada do downsizing da base das Lajes, resultante da saída acentuada de militares norte-americanos, da quebra económica resultante da pandemia e no panorama atual de inflação, em que se espera um 2023 bastante difícil para as famílias e empresas, este executivo decide o aumento de impostos, desculpando-se nas indicações da “equipa técnica” que presta apoio ao executivo, sem a apresentação de qualquer plano de reestruturação.

Vânia Ferreira, à semelhança do que o Governo de Passos Coelho fez a todas e a todos portugueses, prefere estrangular financeiramente a população residente, a pensar, planear e gerir o município de forma a incentivar empresas, famílias e jovens a optar por um concelho que tem muito para dar. Não se conhece nenhuma ação estruturada e organizada de promoção da cidade e das suas múltiplas respostas e ofertas.

Ao contrário do que se pensou, Vânia Ferreira, não teve, até ao momento, uma posição de reivindicação pelo seu concelho, perante o Governo Regional (do qual o seu partido faz parte), relativamente ao eixo porto-aeroporto, eixo este que poderá significar centenas de postos de trabalho e representar uma alavanca económica para o concelho, ilha e região. Entretanto, e perante esta inércia, as oportunidades vão passando.

Felizmente, para as e os residentes, houve, por parte da Assembleia Municipal o bom senso de pensar nas dificuldades que se aproximam para as pessoas devido à conjuntura económica e votou contra o aumento de impostos. Só César Toste acompanhou, num ato de defesa intransigente, a intenção de colocar aos ombros das famílias e empresários a carga a pagar.

Vânia Ferreira, traída pela inexperiência, ficou praticamente sozinha numa proposta que ninguém, na conjuntura atual, ousaria fazer.

Gerir uma autarquia não é fácil, ainda mais quando as exigências são cada vez maiores, porque estar à frente da gestão de um município é muito mais do que ir a bordo de navios cruzeiro, construir rotundas, licenciar obras, registar imagens e publicar nas redes sociais.

Sobre o/a autor(a)

Deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia Regional dos Açores. Licenciada em Educação. Ativista pelos Direitos dos Animais. Coordenadora do Bloco da Ilha Terceira
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