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Já não há 'mal menor'
A aliança FMI resulta numa situação extraordinária. Pela primeira vez, os partidos que governaram no último quarto de século, em vez de levarem um programa escondido para o dia seguinte às eleições, apresentam ao povo as medidas de um mesmo plano, único e escancarado.
A um mês das eleições, conhecemos a verdadeira promessa de Paulo Portas. Ele assinou-a e pretende cumpri-la com o PS e com o PSD: congelar as pensões mais baixas, submetê-las à inflação e aos aumentos de impostos e, assim, ao fim de um ano, tirar um mês de pensão aos reformados mais pobres.
A um mês das eleições, conhecemos a promessa que Passos Coelho pretende cumprir imediatamente: 12 mil milhões para dar aos bancos e privatização dos CTT, das linhas suburbanas da CP, das empresas lucrativas EDP e REN, do sector de seguros da Caixa Geral de Depósitos. A mesma promessa de Sócrates e Portas.
A um mês das eleições, conhecemos as intenções de José Sócrates: chefiar um governo com o PSD e Paulo Portas a ministro de Estado. Criar 150 mil empregos? Não… Sócrates e a direita prometem criar 150 mil novos desempregados, previsão do FMI assinada em baixo pelo tripartido. O objectivo é chegar aos 2% de recessão em cada um dos próximos dois anos.
A aliança FMI é poderosa e quer forçar um consenso. Uma "democracia musculada", como lhe chama o dono da Mota Engil. Mas a história não está escrita. A existência de eleições pode transformar este momento sufocante numa hora clarificadora e de mudança.
O Bloco cresceu sempre contra o "voto útil" no “mal menor”, o medo que garante a alternância sem alternativas. A lógica “tudo menos Santana Lopes” rendeu uma maioria absoluta a José Sócrates. Depois de quatro anos de mau governo, muitos ainda aceitaram “tudo menos Ferreira Leite” e assim chegámos até aqui, com três PECs aprovados pelo PS e pelo PSD.
Mas hoje a tutela externa não faz por menos: exige a suspensão do regime da alternância, o principal mecanismo da continuidade política, desde que o FMI saiu de Portugal há mais de 25 anos. A alternância é substituída pelo tripartido PS-PSD-CDS. Este tripartido quer ser uma maioria, um governo, um presidente, e tem um só programa, o do FMI.
Esta é uma novidade do ciclo em que entrámos. O “mal menor” já não existe.
Este é um excerto da minha intervenção feita no sábado, na VII Convenção do Bloco, para apresentar a moção A. Aqui, na íntegra.
Comentários
No Blogue Cortex Frontal um
No Blogue Cortex Frontal um pequeno artigo, publicado tambem no Correio da Manhã , por Joana Amaral Dias
Troika para Totós
Está lá tudo.
As sondagens deveriam fazer
As sondagens deveriam fazer refletir o BE. Porque é que medidas tão justas e aceitáveis pelo eleitorado não se traduzem em bons resultados nas sondagens?A verdade é que o eleitorado( e eu mesmo, que votarei no BE) vêm no BE mais uma seita movida por crenças do que um partido político.A persistência na imagética da luta de classes, no proletariado como salvador da humanidade, na igualdade, quando o que os cidadãos pretendem é JUSTIÇA e aumento da riqueza distribuida pelos que menos recebem, mas, simultâneamente, exigência a todos de responsabilidades sociais de acordo com as suas possibilidades,retribuição de acordo com o seu empenhamento, o seu risco e a sua criatividade.
No meu blog: odisseus.blogs.sapo.pt abordo estas questões, e gostaria de vê-las debatidas pelo BE.
Nota final: telefonei a um militante do BE,seu funcionário( do Porto) a fim de propôr a minha colaboração com o Bloco. Disse que ficava contente com isso e prometeu contactar-me depois. Mas, até hoje, nada.
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