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Construir uma real alternativa e recusar alternâncias disfarçadas

Os homens e mulheres de esquerda, os trabalhadores, os reformados e os desempregados, têm que construir uma real alternativa e recusar alternâncias disfarçadas. Essa alternativa tem que ser socialista e democrática.

Foi com muita alegria que aceitei o convite que me foi dirigido para ser o mandatário nacional da candidatura de esquerda socialista e democrática que se apresenta ás próximas eleições, que é o Bloco de Esquerda.

Aceitei porque neste partido se discute política e alternativas de esquerda realizáveis e coerentes.

Aceitei, numa altura em que o ilusionismo político é a arma do radicalismo de direita que nos governa e que não quer discutir as suas políticas em período pré-eleitoral, não quer, porque sabe o mal que tem feito ao país.

Os radicais de direita do PSD/CDS, foram, segundo declarações dos mesmos, mais longe que a Troika nos ataques aos Trabalhadores nomeadamente na redução por decreto do valor do trabalho extraordinário, no prolongamento dos contratos a termo até praticamente 6 anos, no aumento de mais 7 dias trabalho anuais num pais que já é o que mais horas trabalha na zona euro, com o objetivo segundo eles de aumentar a competitividade, a produtividade e o emprego.

O que vimos foi um assustador aumento do desemprego, que na realidade é superior a 20%, apesar de todas as mascaradas que fazem para apresentar números inferiores.

A dívida publica que era em 2010 de 92%, depois da grande “ajuda da Troika”, (já lhe ouvi chamar nomes mais corretos) bem como do roubo dos salários, das pensões e das privatizações, é hoje superior a 128%, e o que ouvimos da boca dos charlatões que nos governam é que vamos no bom caminho.

Bom caminho para eles, que servem com as atuais medidas os seus futuros patrões, garantindo quando forem corridos do governo chorudos salários, veja-se o Vítor Gaspar, que depois de todas as maldades que fez ao povo foi contemplado pelo FMI com um salário mensal superior a 20 mil euros.

Resumindo, a quadrilha que nos governa não vai parar de destruir o país até serem corridos do governo, e em meu entender, devem depois disso serem investigados por traição ao país no que pelo menos a privatizações diz respeito.

Mas companheiros e companheiras, amigas, amigos e camaradas.

A alternância que nos apresentam liderada por António Costa, não permite aos reformados pensionistas atuais e futuros, bem como aos trabalhadores, qualquer folga na luta pela reposição de valores e direitos.

António Costa, pisca o olho à esquerda política com afirmações de menos austeridade, mas jura fidelidade ao tratado orçamental e nem quer ouvir falar em renegociação da dívida.

No que diz respeito aos trabalhadores, ainda não lhe ouvimos uma palavra consistente, sobre os direitos retirados, salários e reformas roubados, tabelas de IRS que são um autêntico assalto, tal como não ouvimos nada quanto à manutenção da segurança social inteiramente na esfera pública.

Sobre as privatizações, tirando a TAP (que o seu partido já tinha querido privatizar), não lhe ouvimos uma palavra sobre a renacionalização das mesmas.

Tem dias em que em consonância com o CDS, promete repor os feriados (mas só dois), tem dias em que lê o memorando de entendimento com a Troika debaixo para cima e outros de cima para baixo, mas não teve até agora nenhum dia em que critique o memorando.

António Costa, ao dizer tudo e o seu contrário, quer o voto da esquerda política sem assumir compromissos, e assim ficar de mãos livres para continuar a ser alternância sem ser alternativa.

Alguns intelectuais de esquerda estão a alinhar neste não assumir de compromissos de António Costa e a pulverizar a esquerda como se isso fosse a solução dos nossos enormes problemas.

Na esquerda, há lugar para todos os que queiram defender o que resta de Abril e reconquistar muito do que já nos foi roubado com os governos radicais de direita e centro esquerda.

A esquerda, é a alternativa às políticas neoliberais no sentido mais retrógrado da palavra. Acreditar naquilo que António Costa não diz, (já que não podemos acreditar no que diz pelas contradições que revela), é acreditar na reencarnação dos PECs, como solução para os problemas do país.

Os homens e mulheres de esquerda, os trabalhadores, os reformados e os desempregados, têm que construir uma real alternativa e recusar alternâncias disfarçadas.

Essa alternativa, tem que ser socialista e democrática e em meu entender no próximo dia 4 de Outubro é o Bloco de Esquerda que está em condições de contribuir para uma verdadeira alternativa de esquerda ás políticas que estão a destruir o país.

Intervenção na sessão de encerramento do Fórum Socialismo 2015

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Coordenador da CT da Volkswagen AutoEuropa. Deputado municipal no concelho da Moita.
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