Rodrigo Sousa

Rodrigo Sousa

Estudante de Relações Internacionais na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

As promessas de igualdade que os exames nacionais deveriam cumprir são uma miragem. Em vez de servirem as promessas de “nivelar o campo de jogo”, apenas acentuam as disparidades, disparidades essas que não deviam caber numa escola pública de Abril.

Passos Coelho apareceu pronto para salvar a direita portuguesa e ser o seu “compasso moral”, ao comparecer numa apresentação do livro “Identidade e Família”. Assim se desviam as atenções: não se fala das opções políticas do Governo, nem sequer dos casos que o têm abalado.

Estamos caminhando lentamente para um cenário pós-eleitoral onde voltamos a ter um país inteiro esquecido. Uma parte do país que não se sente representada, não se sente ouvida e que se sente sobretudo isolada. Adiar essas questões só perpetua o ciclo de desigualdades que temos vindo a enfrentar.

Que o campo social das ruas nunca se esqueça que a construção de 2024 começa em cada grito de protesto, que não queremos apenas tapar crises imediatas, mas também desafiar as raízes estruturais que nos trouxeram a este cenário.

É urgente começarmos a fazer as exigências necessárias que tanto precisamos: uma mobilização por aqueles que realmente não desistem do nosso Estado Social, da justiça e da igualdade fraterna, por aqueles que querem levar este país a sério.

Estamos perante uma Academia que lentamente perde todos os seus objetivos históricos: a promoção da mobilidade social, a equidade, o debate das ideias, o espírito democrático revolucionário dos estudantes.

Apesar de ser uma época única, toda esta efemeridade não devia ser um cenário distante ano após ano: o investimento cultural que acontece nestes territórios a nível de coletividades e cultura local devia ser uma realidade contínua.

Tudo isto, é lastimável: arranjam-se explicações fáceis puramente ideológicas para ignorar como a desigualdade estrutural condiciona o sistema de ensino e destrói-se lentamente a escola pública, uma das maiores conquistas de Abril, em vez de se debater como corrigir os seus defeitos.