Sandra Cunha

Sandra Cunha

Feminista e ativista. Socióloga.

Não aceitamos a naturalização de sermos espancadas, violadas ou assassinadas no recato dos lares, não aceitamos que ridicularizem as conquistas nem a luta pela igualdade de género e muito menos que nivelem o debate por baixo, nas malhas da ignorância, da desonestidade ou das fake news.

Uma em cada três mulheres e raparigas sofre de violência física ou sexual no mundo. Portugal não é exceção e a violação, uma das formas mais abjetas de violência contra as mulheres, tem aumentando consistentemente ao longo dos anos.

Esta vassalagem do Estado português à Igreja Católica é um insulto à nossa democracia e à nossa laicidade. Afinal, a laicidade garante que todas as religiões sejam tratadas por igual. Depois disto, alguém pode argumentar que é o caso?

Portugal deve seguir o exemplo de Espanha e reconhecer, no código penal, que um ato sexual sem consentimento é um crime de violação, porque é na ausência de consentimento que radica a violência do ato e a natureza do crime.

Na península de Setúbal, os atentados ambientais somam-se e nunca ninguém é responsável, as consequências nunca são graves, os negócios privados avançam sempre quais bulldozers arrasando a voz das populações, das associações ambientalistas.

Tudo começou em 1824 quando as operárias de Rhode Island abandonaram os seus postos de trabalho em protesto contra os cortes salariais.

Todos sabem que o Primeiro-Ministro é uma coisa e o Ministério das Finanças é outra. Na realidade, quem manda nisto tudo é o ministro das Finanças. Não este que está agora na cadeira das Finanças, mas o outro, aquele que foi para Governador do Banco de Portugal.

Fica claro que a pandemia e a crise que arrastou consigo agravaram os contextos e fatores promotores da violência doméstica, como agravam qualquer desigualdade estrutural da sociedade.

Porque a situação que vivemos é de uma gravidade sem precedentes, importa repetir este tema e questionar até à exaustão.

É fácil esquecer grupos específicos da população quando se elaboram políticas públicas e formulam medidas de combate a uma crise pandémica global. Um dos grupos frequentemente esquecido é o das crianças.