Os eurodeputados bloquistas Marisa Matias e José Gusmão analisam e criticam as decisões do Eurogrupo, tomadas esta quinta-feira, 9 de abril de 2020.
Marisa Matias afirma que “é falso que o Eurogrupo tenha chegado a uma solução para responder à crise na União Europeia e na zona euro”, considerando que o que o Eurogrupo produziu foi “uma mão cheia de dívida e outra de coisa nenhuma”.
“Não é verdade que não há condicionalidade associada”
“Não é verdade que não há condicionalidade associada, não é verdade que esta ajuda seja a que necessitamos neste momento”, frisa a eurodeputada bloquista, salientando que o que o Eurogrupo decidiu corresponde, em empréstimos, por exemplo no caso português, “a um quinto das necessidades reais até ao final do ano”.
É, mais uma vez, “o consenso franco-alemão que deita abaixo qualquer expectativa de uma Europa mais solidária e mais igual e que mais uma vez trai as economias mais frágeis, como é o caso da portuguesa”, acusa Marisa Matias.
O que não está lá
José Gusmão destaca que outro aspeto importante da reunião do Eurogrupo e das suas conclusões, é “o que não está lá” e refere que “não há nenhuma referência explícita aos eurobonds, que era a grande proposta dos países da coesão, nem ao intrumento de financiamento monetário que já está a ser discutido ou implementado em grande parte dos países do mundo desenvolvido como o Reino Unido, os Estados Unidos, a Austrália ou o Japão”.
“Esta forma de financiamento monetário seria a única que permitiria responder a esta crise económica sem acumular uma montanha de endividamento, um pouco por toda a zona euro e União Europeia”, sublinha o eurodeputado bloquista.
Gusmão refere ainda que “existe uma referência muito genérica a um fundo de recuperação económica”, mas “não está detalhado, nem na sua dimensão, nem nos termos, nem nas formas de acesso dos vários Estados-membros, nem sequer na sua forma de financiamento”.
“Manifestação dos chamados defensores da UE a matar o projeto europeu”
A concluir, Marisa Matias acusa: “O que assistimos é a uma manifestação dos chamados defensores da União Europeia a matar o próprio projeto europeu”.
A eurodeputada bloquista critica ainda os ministros das Finanças “que não têm noção da dimensão da crise” e “deveriam estar mais por dentro daquilo que se está a passar”.
“Não só não têm noção, como querem repetir uma fórmula que já falhou antes na crise financeira. Isso vai custar muito caro ao projeto europeu”, conclui Marisa Matias.