Chilenos chumbam nova Constituição

05 de September 2022 - 10:32

Por 62% dos votos contra 38%, o Chile recusou o texto proposto pela convenção constituinte. Presidente Boric prometeu retomar o processo para encontrar m texto que una o país.

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Chile foi a votos este domingo. Foto Rodrigo Sura/EPA

O resultado do referendo à nova Constituição chilena confirmou o que as sondagens indicavam nos últimos meses: a maioria da população votou no sentido de recusar a proposta redigida pela Convenção Constituinte eleita após a onda de protestos que abalou o país em 2019. O voto era obrigatório e 13 dos 15 milhões de eleitores foram às urnas este domingo, com a rejeição a ganhar em todas as regiões do país

Em reação ao resultado, o presidente Gabriel Boric afirmou que "a democracia chilena sai mais robusta com este resultado" e que este "exige às nossas instituições e atores políticos que trabalhemos com mais diálogo, mais empenho, respeito e carinho".

"Não nos esqueçamos da razão por que estamos aqui. O mal-estar continua latente e não o podemos ignorar", acrescentou Boric, comprometendo-se a iniciar junto com o Congresso e a sociedade civil o trabalho "para um novo texto que interprete a grande maioria cidadã".

O próximo passo será dado já esta segunda-feira com encontros entre o Presidente e os presidentes do Parlamento e do Senado para reiniciar o processo para uma nova Constituição, que foi exigida no referendo de outubro de 2020 por 78% do eleitorado. Ainda durante a semana, Boric anunciou que irá proceder a uma remodelação do executivo chileno.

O resultado imediato da votação é que continuará em vigor a Constituição aprovada no tempo da ditadura de Pinochet, que instituiu um modelo económico neoliberal e multiplicou as privatizações, os estímulos ao extrativismo e a entrega dos descontos dos trabalhadores chilenos a fundos de pensões que os apostaram nos mercados financeiros, causando perdas irreparáveis no rendimento dos pensionistas. O novo texto agora recusado fazia uma viragem de 180° nessa orientação, garantindo à população o direito a saúde, educação e qualidade de vida, além de propor uma democracia paritária, um Estado plurinacional e mudanças no sistema político como o fim do Senado.

Durante a campanha eleitoral, as forças políticas de ambos os lados prometeram alterar o texto proposto caso vencessem, no sentido de lhe dar uma redação que pudesse ir ao encontro da maioria do eleitorado. Essa será a tarefa dos próximos meses para os responsáveis políticos chilenos.