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Risco de acidente nuclear é muito maior do que se pensava

Instituto Max Planck, da Alemanha, prevê um acidente grave a cada 10 a 20 anos, uma probabilidade 200 vezes superior ao que se calculava antes. Uma fusão de reator na Europa ocidental afetaria cerca de 28 milhões de pessoas.
Foto de Nicolas Raymond/Flickr

Um estudo dirigido por Jos Lelieveld, diretor do Instituto Max Planck de Química, da Alemanha, concluiu que um acidente nuclear catastrófico como o de Chernobyl ou de Fukushima pode ocorrer em qualquer lugar do mundo uma vez a cada 10 ou 20 anos, o que significa uma probabilidade 200 vezes superior às estimativas realizadas nos EUA nos anos 90 do século passado.

Estes novos cálculos foram feitos a partir do número de 440 reatores nucleares para usos civis que estão atualmente em operação, mas os cientistas advertem que há outros 60 em construção.

Os investigadores recordam que até hoje se registaram quatro fusões de núcleo com emissão de radioatividade para o exterior: uma em Chernobyl e três em Fukushima.

O estudo conclui que se houvesse a fusão de um reator na Europa ocidental, cerca de 28 milhões de pessoas seriam afetadas pela contaminação radioativa. No sul da Ásia seriam 34 milhões, devido à maior densidade demográfica, e no leste dos Estados Unidos entre 14 e 21 milhões.

Diante destes resultados, os investigadores pedem que se realizem novas análises e avaliações em profundidade dos riscos associados às centrais nucleares.

“A saída da Alemanha do programa de energia nuclear vai reduzir o risco nacional de contaminação radioativa”, disse Jos Lelieveld. “Mas uma mais forte redução ocorreria se os vizinhos da Alemanha desligassem os seus reatores.” O diretor do Instituto Max Planck defende que seja encarado um abandono coordenado internacionalmente da energia nuclear.

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Neste dossier:

Chernobyl, 30 anos depois

A 26 de abril de 1986 deu-se uma das maiores catástrofes nucleares da História numa pequena localidade da Ucrânia, Chernobyl. De central, dizia-se que era tão segura que poderia ter sido construída no meio da praça vermelha de Moscovo. Há cinco anos atrás aconteceu uma nova catástrofe quando, na sequência de um maremoto, houve uma fuga nos reatores da central nuclear de Fukushima. Neste dossier discutimos por que razão a energia nuclear nunca será uma opção segura e os perigos que continuamos a correr quando centrais, como a de Almaraz, continuarem em funcionamento. 

Dossier organizado por Joana Louçã.

Desastre de Chernobyl foi há 30 anos

Aquela que foi uma das maiores catástrofes nucleares da História aconteceu há 30 anos numa pequena localidade da Ucrânia, Chernobyl. O Fórum Antinuclear da Extremadura explica porque não podemos deixar repetir a tragédia.

Cinco anos depois de Fukushima

Artigo de Chie Matsumoto sobre as consequências do acidente nuclear nas vidas de quem trabalhava na central nuclear ou vivia na cidade de Fukushima.

Portugal sob ameaça nuclear

Antes de cada desgraça evitável, os negligentes criticam sempre o "alarmismo" de quem previne. É melhor soar o alarme: junto à fronteira portuguesa, sobre o Tejo, cresce o risco de catástrofe. Artigo de Jorge Costa.

Manifestação ibérica contra central de Almaraz a 11 de junho

Primeiro encontro ibérico do movimento pelo encerramento da central nuclear marcou ação de protesto em Cáceres.

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Segurança das centrais nucleares europeias em xeque

A chamada "prova de resistência" realizada nas centrais nucleares da União Europeia confirmaram os piores temores de ambientalistas e opositores às centrais atómicas: que estas não cumprem os padrões mínimos de segurança. Artigo de Julio Godoy, da IPS.

Por que a energia nuclear nunca será segura

Com o desastre na central nuclear de Fukushima no Japão, algumas pessoas voltaram a perguntar-se: pode a energia nuclear ser segura? A resposta é não. A energia nuclear nunca poderá ser segura. Por Karl Grossman.