A maioria dos membros do Comité Central do Syriza emitiu uma declaração a denunciar “o golpe de estado” em Bruxelas, com o objetivo de “infligir uma punição exemplar a um povo que imaginou outro caminho, diferente do modelo neoliberal de austeridade”.
“Estamos conscientes da asfixia das pressões que foram exercidas sobre a parte grega, mas consideramos por outro lado que a luta avançada dos trabalhadores aquando do referendo não autoriza o governo a renunciar sobre as pressões exercidas pelos credores”, acrescenta a declaração publicada no dia da votação do primeiro pacote de austeridade, que pedia uma reunião urgente do Comité Central.
Depois dos dois votos contra e oito abstenções na proposta que Atenas levou para Bruxelas, estava dado o mote para o início da rebelião dos deputados do Syriza. Na noite de 15 de julho, 32 deputados do Syriza votaram contra o pacote previsto no “acordo” de Bruxelas, entre os quais vários membros do governo, que seriam afastados na remodelação governamental do fim de semana seguinte. Algumas das principais secções do partido, como a do Pireu e Salónica, também se pronunciaram contra o acordo.
A manifestação contra o pacote de austeridade em frente ao parlamento também foi convocada pela juventude do Syriza. “A classe trabalhadora e a juventude deve responder a estas pressões, não podemos permitir que este acordo seja votado nem permitir que o governo seja derrubado, de forma a trazer o grande Não como a linha principal no dia seguinte”, diz o comunicado do setor juvenil do partido. Numa declaração posterior, a juventude do Syriza exigiu a convocação de um Congresso extraordinário do partido para os próximos meses.
Na reunião do grupo parlamentar antes da votação de dia 15, a corrente do Syriza liderada pelo agora ex-ministro da Energia Panagiotis Lafazanis, a Plataforma de Esquerda, apresentou a sua alternativa ao terceiro memorando. O documento propunha que o país optasse por desenvolver um plano de transição para a saída do euro, reorganizando o sistema bancário através da nacionalização, a rejeição de mais austeridade orçamental e o cancelamento da maior parte da dívida.
“Devemos sublinhar que a saída do euro não é um fim em si mesmo, mas o primeiro passo num processo de mudança social, de recuperação da soberania nacional e do progresso económico que junte crescimento e justiça social”, afirma o documento. “Perante o comportamento intransigente dos credores, cujo objetivo é a rendição total do governo do Syriza, sair do euro é a escolha policia e eticamente justa”, prossegue o documento.