Neste dossier, incluímos o apelo de Luís Fazenda a “recordar Max em homenagem nacional”, em que lembra que a aprovação da Constituição foi no mesmo dia do atentado e em que sublinha a importância da “autodefesa constitucional”. E também, a carta aberta “Não vos mataram, semearam-vos!, que foi subscrita por mais de 300 pessoas.
Três entrevistas lembram-nos a vida e ação de Max e Lurdes e o crime que os vitimou, ajudam-nos a compreender o papel que tiveram em 76 e propõem-nos aspetos importantes por que importa “fazer memória”.
Paulo Bateira, que foi, em 1976, responsável da Juventude Escolar Católica (JEC) no norte do país, salienta que “Ele era assim, estava connosco em tudo o que pudesse ajudar a gente a aprender” e explica o ambiente político e social naquele tempo no nordeste do país. “Se há alguém a quem cai como uma luva a expressão ‘o pedagogo’ era a ele”, aponta.
Miguel Carvalho, jornalista e autor do livro “Quando Portugal Ardeu”, onde contou aspetos essenciais do crime político, salienta que "A culpabilidade da extrema-direita bombista da época ficou provada nos tribunais". “O padre Max, pela sua integridade e percurso cívico, merece ser lembrado como alguém que, independentemente das suas convicções ideológicas, quis afirmar, praticar e consolidar a convivência democrática”, sublinha.
“Importa fazer memória. Resgatar do esquecimento vidas que não foram em vão”, afirma Daniela Costa, a escritora de “ Uma bomba a iluminar a noite do Marão”, que também explica porque escolheu estes acontecimentos para escrever um romance. “O Padre Max era uma alma grande, insuflada por uma assombrosa liberdade interior”, conta e ajuda a resgatar a memória de Maria de Lurdes, ao lembrar que “a proximidade com o Padre Max fez dela alvo de boatos e maledicências, em vida e em morte” e “desviou a atenção dos atos de coragem e generosidade que protagonizou”.
José Castro, que ao longo destas quatro décadas e meia acompanhou o processo judicial do assassinato do Padre Max, assim como os eventos e homenagens entretanto realizados, destaca que “a memória não se apaga” e lembra o “empenhamento corajoso e persistente do advogado Mário Brochado Coelho”. A concluir, afirma: “O crime ficou sem castigo, mas o povo de Vila Real e de todo o país lembrará para sempre as figuras de Max e Lurdes, cujas vidas foram destruídas pelas bombas da extrema-direita”.
Por fim, em Memória da barbaridade, publicamos uma mensagem de Januário Torgal Ferreira, bispo emérito das Forças Armadas e Segurança, lembramos a Associação Padre Maximino, que ao longo do tempo foi sempre evocando Max e Lurdes e realizando um importante trabalho cultural. Divulgamos ainda um folheto de 1977 com diversos documentos daquele período, que ajuda a compreender o ambiente político e social que se vivia naquele tempo no norte interior de Portugal, que revela a luta democrática de Max e do grupo de jovens que o acompanhava. Na introdução, o Padre Mário de Oliveira recordou o lema da ação política de Max, que ficou para sempre como uma lição: “Servir o Povo e nunca servir-se dele”.