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“Expor as verdadeiras motivações dos estados que promovem a guerra”

José Manuel Pureza, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, defendeu, no Fórum Socialismo 2010, que a cimeira da NATO de Lisboa, em Novembro, é uma oportunidade de “mobilização social em torno da paz, do humanismo e contra a guerra”. Leia também resumos de outras sessões.

Na sessão intitulada “Humanismo: intervenção e soberania”, Pureza apontou que a utilização da força militar por parte da NATO “tem sido suportada por uma ideologia tentadora, iniciada após o fim da Guerra Fria, que tenta legitimar as suas guerras de lógica imperialista”. Para José Manuel Pureza esta ideologia assenta no conceito de “paz negativa” pois “descreve o discurso pela paz como sendo inaceitável e insuficiente” e “utiliza as organizações humanitárias que actuam nos teatros de guerra de modo a construir a paz de acordo com o modelo de sociedade pretendido”. Divulga também uma “propaganda sustentada na ideia da existência de estados que não se conseguem governar e assegurar a sua soberania de forma autónoma”.

O combate ao imperialismo militar é “dificultado pela natureza ambivalente das posições assumidas por parte das forças da NATO”. Esta ambivalência é real pois “não se pode negar a legitimidade da crítica à inexistência de democracia em certos países” e também porque “existe um esforço de despolitização das reais causas das suas iniciativas bélicas”. Daí ser fundamental “expor as verdadeiras motivações dos estados que promovem a guerra” de forma a “desmontar a passividade social que se verifica em relação a este fenómeno”.

Miguel Cardina - “A esquerda radical nos longos anos sessenta”

Miguel Cardina, investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, promoveu um debate de ideias com o tema: “A esquerda radical nos longos anos sessenta”.

O investigador começou por referir que a esquerda radical da década de 1960 assentou na “emergência de uma cultura juvenil com traços específicos” e caracterizados pelo “combate à alienação, não só económica mas também psicológica, sexual, cultural e ideológica”. Deste modo “formou-se um sector alargado de crítica da vida quotidiana e das formas tradicionais de autoridade”. Neste contexto existiu uma “valorização do papel da juventude como agente da mudança” que deixava de ser vista como um “estágio preparatório para a vida adulta” e tornava-se “dominante nas economias de mercado desenvolvidas”.

Uma das características mais marcantes da esquerda radical de então era o seu “forte pendor anti-imperialista” resultante do “impacte da guerra do Vietname, do avanço dos processos de descolonização em África e das guerrilhas na América Latina com destaque para Cuba e o guevarismo”. Para Miguel Cardina, no caso português, ainda no ambiente no Estado Novo, a esquerda radical constituiu um movimento cultural e social que “estabeleceu um caminho muito importante para a revolução do 25 de Abril de 1974” ao criar “de forma progressiva e subtil um crescente sentido de protesto alargado a todos os sectores da sociedade”.

João Teixeira Lopes - “A arte e a revolução”

João Teixeira Lopes, sociólogo e membro do secretariado do Bloco de Esquerda, participou no terceiro dia do Socialismo 2010 através de um debate de ideias baseado no tema “A arte e a revolução”

O sociólogo começou a sua intervenção relatando vários casos de obras de arte existentes na realidade onde se verificou que estas foram “mal interpretadas no seu significado por parte do público receptor”. Estes desencontros são o reflexo de um “desencontro entre vanguardas artísticas e vanguardas públicas”.

Para João Teixeira Lopes, “a arte revolucionária tem de ser capaz de estabelecer uma plataforma de comunicação e diálogo de forma a ser compreendida e conseguir exercer a sua influência”. Daí que uma obra artística “deve respeitar um horizonte de expectativas em relação a um sistema de referências estéticas e a um capital de experiências de vida onde existe uma classe social, um género, uma etnia, uma trajectória, um projecto e um papel social”. Seguindo estes pressupostos a arte consegue ser “uma experiência partilhada” e ter “uma componente revolucionária importante”.

Bruno Góis - “Há socialismo sem democracia?”

Bruno Góis, licenciado e mestrando em relações internacionais, participou no terceiro e último dia do Socialismo 2010 lançando o debate em torno da questão: “Há socialismo sem democracia?”

A sessão foi iniciada com uma introdução ao movimento socialista moderno, onde “não pode existir democracia política sem democracia económica”. Bruno Góis considera que “a implementação das ditaduras socialistas resultou de um desvirtuamento dos ideais socialistas marxistas-leninistas por parte dos principais responsáveis revolucionários de então”. Estes regimes “correspondem a um capitalismo de estado onde o povo é oprimido por um estado altamente burocratizado que estabelece políticas económicas sem consulta e interacção com as bases sociais”, ou seja, verifica-se a “ausência de verdadeira democracia”.

Para o especialista em relações internacionais, “a liberdade tem de existir em primeiro lugar dentro de cada um de nós”, de modo a impedir que “uma revolução socialista resulte numa ditadura socialista”, ou que “os opressores das ditaduras socialistas continuem a oprimir quando estes regimes são desmantelados e transformados em regimes neoliberais”. Daí que seja necessário “destruir a estrutura que permite que os demónios burgueses sejam muito eficientes” e construir uma “revolução socialista assente numa base social capaz de a criar e concretizar democraticamente”.

política: 
Socialismo 2010
(...)

Neste dossier:

Fórum Socialismo 2010

Neste dossier, agregamos todas as notícias e vídeos já publicados no esquerda.net sobre o Fórum Socialismo 2010. Divulgamos também os textos e apresentações de diferentes debates, elaborados pelos seus autores. Uma vasta fotogaleria está disponível no flickr. As fotos são de Paulete Matos.

A Grécia e Portugal: O que são CDS's

Neste debate, Mariana Mortágua fez uma apresentação com o título “A Grécia e os CDS”, que disponibilizamos, aqui em pdf.

Eco-socialismo

No debate “Ambientalismo de mercado vs eco-socialismo”, Ricardo Coelho fez uma apresentação que aqui divulgamos (aceda ao pdf) e divulgou um texto que publicamos, com o título “O que é o eco-socialismo?”.

Geopolítica do Petróleo

O debate sobre o tema Geopolítica do Petróleo foi apresentado pelo deputado do Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares, de quem publicamos aqui um texto com o mesmo título.

Impostos: Espíritos, letras e práticas

Publicamos aqui o texto “Espíritos, letras e práticas” (aceda ao texto em pdf) do deputado José Gusmão que coordenou o debate “Impostos: de onde vêm, para onde vão?” no Fórum Socialismo 2010.

Venezuelas

No debate sobre o tema "Venezuelas", Natasha Nunes apresentou uma comunicação. Aqui publicamos o seu texto “Venezuela: Ortodoxias e Heterodoxias da Política Económica e Social de Chávez”.

SNS: Nem rosa velho, nem laranja choque

No debate sobre o Serviço Nacional de Saúde participaram Sofia Crisóstomo e João Semedo. Publicamos aqui a apresentação feita pelo deputado João Semedo, SNS: Nem rosa velho, nem laranja choque. A resposta da esquerda (aceda aqui ao pdf).

Transporte ferroviário em Portugal

Publicamos neste dossier sobre o Fórum Socialismo 2010, a apresentação feita em Braga por Heitor de Sousa, economista e deputado do Bloco de Esquerda, sobre o tema questões do transporte ferroviário em Portugal (aceda aqui ao pdf).

“O ocaso da República”

Luís Farinha, Investigador no Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa falou ao esquerda.net sobre "O ocaso da República", tema que apresentou no Socialismo 2010 em Braga.

Luta dos trabalhadores na Europa

Florival Lança, antigo responsável pelo Departamento Internacional da CGTP, fala sobre as jornadas de luta dos trabalhadores europeus a 29 de Setembro.

Baixos salários e lutas do trabalho na China

Divulgamos a apresentação do tema “China: O império dos baixos salários e a onda grevista de 2010” (aceda ao pdf) feita por Carlos Santos.

Presidenciais: “Bloco é a única força que quer vitória para a esquerda”

Francisco Louçã resume neste vídeo as linhas essenciais da política do Bloco na rentrée, marcadas pelas lutas sociais, pelas eleições presidenciais e pelo Orçamento de Estado. 

Banco Público de Terras na Galiza (entrevista em vídeo)

Xosé Carballido Presas do Bloco Nacionalista Galego, que esteve presente no Socialismo 2010 fala da experiência do projecto do Banco Público de Terras na Galiza.

“Expor as verdadeiras motivações dos estados que promovem a guerra”

José Manuel Pureza, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, defendeu, no Fórum Socialismo 2010, que a cimeira da NATO de Lisboa, em Novembro, é uma oportunidade de “mobilização social em torno da paz, do humanismo e contra a guerra”. Leia também resumos de outras sessões.

“Qual o papel dos gestores milionários?”

No segundo dia do Socialismo 2010, uma das primeiras sessões de debate de ideias foi protagonizada por Jorge Costa, do secretariado do Bloco de Esquerda, com o tema “Qual o papel dos gestores milionários?”

“O direito ao emprego: trabalho ou preguiça?”

José Soeiro, deputado do Bloco de Esquerda, participou no segundo dia do Socialismo 2010 através de um debate de ideias baseado na questão: “O direito ao emprego: trabalho ou preguiça?”

“Máximo empenho na manifestação sindical europeia de 29/9”

Florival Lança, ex-responsável pela relações internacionais da CGTP, foi um dos convidados do segundo dia do Socialismo 2010 para um debate de ideias com o tema “A luta dos trabalhadores europeus”.

“Os direitos de autor têm futuro?”

Neil Leyton, artista-intérprete e autor, apresentou no Socialismo 2010 uma sessão de debate lançando a questão: “Os direito de autor têm futuro?” Aceda aqui à apresentação

Desafios da Europa: Prioridade tem de ser combate ao desemprego

Na sua intervenção no final do segundo dia do Fórum Socialismo 2010, que está a decorrer em Braga, a eurodeputada Marisa Matias falou sobre os desafios da Europa e defendeu a prioridade ao combate ao desemprego e a necessidade de articular a intervenção da esquerda com as lutas sociais.

“A recomposição da esquerda foi sempre o objectivo do Bloco”

Na abertura do Fórum Socialismo 2010, que decorre neste fim de semana em Braga, Luís Fazenda falou sobre a recomposição da esquerda, que “não se faz com receitas velhas”.

Banco Público de Terras no Socialismo 2010

Xosé Carballido Presas, do Conselho Nacional do Bloco Nacionalista Galego e da Comissão de Política Agrária do BNG, participou, com uma sessão sobre o Banco Público de Terras e a experiência ocorrida na Galiza. Leia aqui o texto da sua apresentação.

Os profetas do apocalipse económico

Os economistas João Rodrigues e Nuno Teles participaram com uma sessão intitulada "Entre os especuladores e a lumpenburguesia". Leia aqui o texto de apresentação sobre os profetas do apocalipse eonómico.

Socialismo 2010: Um apoio à jornada de luta de 29 de Setembro

Luís Fazenda, em entrevista ao esquerda.net, anunciou que o fórum seria “um ponto de encontro e de troca de ideias”, dele saindo também um forte apelo à participação na jornada europeia de luta de 29 de Setembro e um apoio vincado ao candidato presidencial Manuel Alegre.

Onda grevista na China

Diversos analistas internacionais consideram que estas greves marcam o fim da era dos baixos salários na China. Será assim? O tema estará em debate no Fórum Socialismo 2010, apresentado por Carlos Santos, sob o título: China, o império dos baixos salários e a onda grevista de 2010.

Cinema e Micro-Resistências

Numa das sessões da iniciativa Socialismo 2010, Laurent Chavanel e José Cardoso Marques trouxeram ao debate o cinema e a imagem, falando sobre "os circuitos que dão origem a órgãos que se agregam e formam bolsas de micro-resistências".

Há feminismo sem feministas?

Numa das sessões da iniciativa "Socialismo 2010 - Debates para a alternativa", Sofia Roque trouxe ao debate as ideias do movimento feminista, a auto-organização das mulheres e as relações entre marxismo e feminismo.

“Ocaso da Primeira República (1924-1933)”

Numa das sessões do Socialismo 2010, Luís Farinha fez uma comunicação sobre o “Ocaso da Primeira República (1924-1933)”. Uma década na qual “o país experimentou um clima de confronto institucional fora do comum”.

A recepção é a arma do povo?

Numa das sessões do Socialismo 2010, João Teixeira Lopes falou de arte e práticas culturais do ponto de vista da recepção, um tema "que ganha particular sentido num contexto de proliferação das práticas culturais doméstico-receptivas".