Vicenç Navarro

Catedrático de Ciências Políticas e Sociais, Universidade Pompeu Fabra (Barcelona, Espanha).

Foi Catedrático de Economia Aplicada na Universidade de Barcelona. É também professor de Políticas Públicas na Universidade Johns Hopkins (Baltimore, EUA), onde exerceu docência durante 35 anos. Dirige o Programa em Políticas Públicas e Sociais patrocinado conjuntamente pela Universidade Pompeu Fabra e pela Universidade Johns Hopkins. Dirige também o Observatório Social de Espanha.

O enfoque das notícias nos maiores meios de comunicação espanhóis tem sido sobre a saúde mental do copiloto do avião. Mas não se disse nada sobre as condições contratuais desse piloto, nem sobre as circunstâncias que determinaram que um piloto com tão escassa experiência em controlar tal veículo tivesse essa responsabilidade. Outra informação que também não tem tido muita visibilidade é a diferenciação do valor dos acidentados por nacionalidade.

A tomada de consciência de que o Estado não representa os interesses da população, mas sim os interesses financeiros e empresariais entrelaçados, deu origem ao movimento dos Indignados. A maturidade desse movimento foi a causa do surgimento do Podemos.  

Suponha você que recebe milhões de euros a juros abaixo de 1%, e compra títulos que lhe geram juros de 4 ou 6%, bastando apenas apertar um botão. Pois bem, acredite ou não, é isto que a banca privada tem estado a fazer.

É importante sublinhar que esta terceira recessão, ao contrário das outras duas anteriores, se inicia e está focalizada nos países centrais da zona euro, Alemanha, França e Itália. As outras duas anteriores tinham-se centrado nos países periféricos, Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda. Por Vicenç Navarro.

É importante limitar os salários tão exuberantes que recebem os banqueiros e grandes empresários em Espanha, salários que não guardam nenhuma relação com a sua produtividade.

O aumento das desigualdades tem sido uma das principais causas das crises financeira e económica atuais. Para promover o crescimento, as políticas mais eficazes são a promoção do pleno emprego, o aumento de salários, a redução de impostos o estabelecimento de instituições públicas que garantam o crédito.

Nunca antes, durante o período democrático, o Estado espanhol tinha perdido tanta legitimidade. Hoje, a rejeição da população às instituições democráticas e à classe política é generalizada. O famoso lema do movimento 15-M “Não nos representam” converteu-se num slogan generalizado.

Hoje, uma das opções políticas, que canalizam mais o descontentamento popular e, muito em particular, o da classe trabalhadora, é a da ultradireita, tal como estamos a ver em vários países. O caso da França é claro. Artigo de Vicenç Navarro.

Um dos personagens mais patéticos, no cenário político europeu, é Olli Rehn, porta-voz máximo do neoliberalismo na CE: Reproduz, acriticamente, as suas receitas, que levaram a Espanha ao desastre e continua, hoje ainda, a insistir na necessidade das políticas de austeridade.

Este artigo mostra que a principal causa do crescimento das desigualdades se deve à influência que o mundo do capital exerce sobre os Estados, maior que a que tem o mundo do trabalho, o que determina que os lucros do primeiro se realizem à custa dos salários dos segundos, com uma enorme concentração dos rendimentos do capital.