De forma sempre tímida, foi sendo revelada a dimensão e localização dos pontos de contaminação, sem que houvesse uma postura determinada, sem receios, que enfrentasse o poder instalado do governo norte americano, com esta situação.
Na verdade, a forma tímida com que se atuou não aconteceu pelas pessoas e para não lhes causar pânico, mas sim pelo receio absurdo de “beliscar” o poluente.
Nesta e noutras questões, a posição regional, que se refugia no Governo da República, tem sido branda com este atentado, que certamente é o maior passivo ambiental, do nosso país. A subordinação ao Governo norte americano esteve sempre à frente da saúde, da vida, das pessoas, do concelho da Praia da Vitória, da ilha Terceira.
Perdeu-se demasiado tempo discutindo questões técnicas, sustentando e alimentando “tudólogos” , dando jeito para que a população não se apercebesse da inação por parte de decisores políticos.
Deveria ter havido uma atuação política concertada, sem temores, a exigir aquilo que o governo norte americano faz quando procede ao desmantelamento de uma base no seu país: descontaminação!
Sim, é verdade! Sabendo do rasto de poluição que deixam, o governo norte americano tem o cuidado de descontaminar o seu país. Isso mesmo: o seu país. E porque não o faz nos restantes países onde têm bases? Porque depende dos acordos assinados e porque depende, essencialmente, da postura como se enfrentam os poderes instalados.
Perdemos a soberania do nosso espaço e, pelo que parece, perderemos muito mais. As notícias recentes, na imprensa escrita local, relativamente a este caso, vêm dar um “abano” e, a se confirmar, poderão a ser a prova da desinformação que tem existido.
Já se previa que em sede de reunião bilateral permanente entre os Estados Unidos e Portugal, com imensas pastas, a contaminação, na Terceira, não seria a grande preocupação das terras do Tio Sam.
Até no comunicado, do governo da República, relativo à reunião ocorrida no mês de julho, se percebe a importância que NÃO se dá às palavras “natureza ambiental”, no seu penúltimo parágrafo, tal como nas penúltimas das 20 alíneas da Declaração Conjunta.
São mais as preocupações com a NATO do que com a saúde das e dos praienses! Isto faz-me recordar o, agora, Sr. Secretário Regional da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, António Ventura, que enquanto deputado à Assembleia da República gritava que estava um povo a morrer, mas lida a proposta do PSD, percebia-se que não passava de uma encenação, pois a sua preocupação residia na manutenção de Portugal na NATO.
Pela parte do Bloco de Esquerda, desde o início, muito foi feito a nível regional e nacional. Tivemos a coragem de levar a contaminação à Assembleia da República, quando era ainda um assunto quase tabu, pela mão de Catarina Martins, que para além disso, foi a primeira coordenadora nacional a vir à Terceira para se inteirar da situação, quando os restantes líderes de outras forças políticas faziam desconhecer a situação, no Terreiro do Paço.
No dia 26 serão as eleições autárquicas e cada voto que se dê à coligação de direita, é um voto desperdiçado, pois nesta e noutras questões, a direita já mostrou estar ao lado dos poderes instalados e não das pessoas. O amor concretiza-se! Não fica no abtstrato!
A Praia da Vitória necessita de vozes de esquerda!
