União Europeia = FMI

porJoão Teixeira Lopes

29 de novembro 2010 - 23:00
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Soube-se hoje que a União Europeia vai utilizar as mesmas regras do FMI para “castigar” os países que recorram à ajuda do Fundo Europeu.

No caso da Irlanda, tal significará mais austeridade e no caso português mais austeridade e “reformas” na legislação laboral. E o que significam neste contexto tais “reformas”? Agora a resposta é nossa: revisão do conceito de “justa causa” e em geral maior facilidade para despedir, celebrar contrários precários e intensificar o tempo de trabalho. Em suma, nada que signifique aposta na inovação, na diversificação produtiva, na investigação e desenvolvimento, no registo de novas patentes ou na qualificação da população activa e do tecido empresarial. Apenas mais receitas para…o desastre. Estamos mal e iremos ficar pior, como de resto prevê a Comissão Europeia nas suas estimativas.

Esta lógica masoquista serve os interesses do capital financeiro em geral e dos países centrais, como a Alemanha, em particular. Trata-se de tornar ainda mais pobres e periféricos os países já pobres e periféricos (como Portugal) acenando com a única vantagem comparativa que conhecem: os baixos salários.

E o Governo português, perante este ataque, clama por uma radical mudança de orientação económica na União Europeia? Não…apressa-se a cumprir as ordens, com uma vassalagem deplorável, convocando os parceiros sociais para “aperfeiçoar o sistema laboral”. Ora, nós sabemos bem o que significa “aperfeiçoar” no léxico deste Governo.

Depois da maior greve geral da história portuguesa, é esta a resposta do Governo aos trabalhadores. Está-se mesmo a ver a resposta que os portugueses precisam de dar a este Governo!

João Teixeira Lopes
Sobre o/a autor(a)

João Teixeira Lopes

Sociólogo, professor universitário. Doutorado em Sociologia da Cultura e da Educação, coordena, desde maio de 2020, o Instituto de Sociologia da Universidade do Porto.
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