Foi em 2001 que os resíduos da siderurgia da Maia foram depositados nas antigas minas de São Pedro da Cova, em Gondomar. Nessa altura, o relatório mencionava que os resíduos eram inertes e não constituíam qualquer tipo de perigo.
No entanto, em 2008, um novo estudo comprova que os resíduos constituem um perigo para a vida humana e para o ambiente e, três anos depois, um estudo analisa a quantidade de lixo depositado nas minas. 88 mil toneladas.
Os resultados de outro estudo realizado pela CCDRN, tornado público a 17 de março de 2011, volta a provar que os resíduos constituem um perigo grave: “concentrações de chumbo no fluato muito superiores ao valor limite previsto na legislação para aterros de resíduos perigosos”; e ainda: “necessidade de tratamento prévio de resíduos para deposição em aterros de resíduos perigosos”.
Em setembro deste mesmo ano, foram indicados 12 milhões de euros para a remoção dos resíduos. No entanto, nessa mesma altura, um documento interno da CCDRN alega que existe cerca de mais 20% de lixo tóxico naquele local.
Uma exposição continuada a estas substâncias pode chegar a produzir danos irreversíveis, até à morte. O chumbo juntamente com outras componentes instaladas hoje nos solos de São Pedro da Cova constitui uma ameaça à qualidade do ar, dos solos, da água.
O que, desde 2001, se passa, à margem da lei, nas minas de São Pedro da Cova, é um atentado ambiental e à vida humana. Se o problema ainda não está resolvido, podemos apontar o dedo unicamente para a falta de vontade política, ou, se quisermos, para a existência de outras vontades escondidas por trás do poder político, que atirou o lixo tóxico. A mesma CCDRN, que lança estudos a comprovar que o lixo é tóxico, tem, ao mesmo tempo, declarações de alguns dos seus principais membros a defender que o lixo é inerte e não constitui qualquer tipo de perigo.
Urge, hoje, reclamar justiça num problema ignorado pelas instâncias políticas, que varrem para baixo do tapete as suas responsabilidades. Se hoje iniciamos um novo ciclo político, então que essa esperança se manifeste também na melhoria das condições de vida das populações de São Pedro da Cova, colocando um ponto final neste atentado ambiental.
Artigo publicado no Jornal Vivacidade em 19 de novembro de 2015
