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Tango ou dança macabra?

E no tango de Sócrates e Coelho só há passos atrás, passos a caminho do abismo social.

Para o tango são necessários dois, diz Sócrates, essa dança de pares abraçados e em perfeita sintonia. E a sintonia do par Sócrates-Coelho está na aliança para que a crise seja paga pelos trabalhadores, pelos desempregados, pelos pensionistas.

Uma vergonha, quando se conhecem os números dramáticos do desemprego: quase 800 mil pessoas, quase metade sem acesso ao subsídio de desemprego, direito fundamental que o PSD, com o seu tributo solidário, quer converter em esmola social, porque entende que em cada desempregado há um vadio que deve ser obrigado a trabalhar à borla.

Na verdade, os primeiros passos já tinham sido dados pelo Sócrates, ao reduzir para 75% o subsídio de desemprego, ao ver em cada desempregado um mandrião. E a aliança selou-se na redução de cerca de 289 milhões de euros em prestações sociais, no disparar do preço dos bens essenciais, na redução dos salários reais, nos impostos. E no tango de Sócrates e Coelho só há passos atrás, passos a caminho do abismo social.

E disseram o passo fatal. Mentiram. A redução continuada do investimento público, que agora se reduz a meia dose de TGV, as coxas medidas anti-crise executadas pela metade, e que o Governo deixou agora cair, a falta de coragem política para taxar os lucros da banca, os offshores, os prémios milionários de gestores. Nada disto era fatal.

Inevitável só pode ser a resposta social contra as tangas da fatalidade, contra a violência social do bloco central.

E usam, ainda, o alarme de que tudo isto é em nome da Europa; da que foi varrida pela especulação? Da Europa do Tratado de Lisboa que não respondeu à chamada de um orçamento para as políticas sociais conjuntas e da criação de uma agência de notação europeia para a verdade, capaz de denunciar o lixo tóxico das agências? Na verdade, o par faz hoje a dança macabra sobre o Tratado que se recusou a referendar.

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda, professora.
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