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A soma de todos os erros

Bolieiro não anda à sua velocidade. Tem andando à velocidade do CDS, do PPM e às ordens do chega. E tem toda a legitimidade para andar à velocidade e às ordens de quem quer que seja. Não pode é colocar esta região sob as ameaças e chantagens de quem não sabe o quê e como fazer.

Aconteceu a remodelação do XIII Governo dos Açores. Mais apropriado será chamar de ressurreição, Ressurreição de alguns falecidos politicamente, renomeação de alguns familiares aos aparelhos e ascensão da falsa virgem social-democracia ao poder central da coligação. Afinal de contas, a discussão decorreu em plena Semana Santa, como é de conhecimento comum, ainda que pouco ou nada tenha agradado aos democratas cristãos, ao que parece.

José Manuel Bolieiro solidificou a posição de dois antigos estadistas do seu partido, nas Finanças e numa pasta qualquer, inventada à medida, para fomentar o turismo. Duarte Freitas segue para a pasta das Finanças e Berta Cabral acorda do seu sono político para, segundo a própria, dar continuidade à política desenvolvida até então.

Se é para dar continuidade, então, por que sai Mota Borges?

Para além disso, o presidente adormecido quando acordou veio limpar e meter ordem na casa. E foi na Cultura que mais se sentiu essa mudança radical. Talvez tivesse feito falta um padre ou dois, para iluminar as discussões santas, mas enfim, já não vale a pena chorar sobre Assuntos Culturais agora derramados.

O senhor presidente encaminhou a Cultura à guilhotina e repescou os nomes do tempo do outro senhor, para dar um ar de inovação e jovialidade. Afinal de contas, quem não se sente jovem ao pensar em Mota Amaral?

Ao fazer esta transição analógica, José Manuel Bolieiro deixou bem clara a sua mensagem ao povo açoriano: “falhei”. Ou se preferirem: “Errei”.

É, certamente, de louvar um presidente que assume os seus erros, mesmo que não o diga diretamente.

Menos louvável é a incerteza sobre o futuro da Cultura, dos Agentes Culturais e do Património da Região.

O erro principal terá sido a Secretaria ou a sua falta de trabalho e estratégia?

A resposta parece-me óbvia.

Resta saber como será a liderança de Sofia Ribeiro, agora com competência e responsabilidade redobrada. Resta-nos continuar a exigir qualidade, eficácia e visão sustentável. Resta aos Açores acreditar que a Cultura não é uma mera questão de Assuntos, mas antes uma herança e uma profunda manifestação do que todas e todos nós somos.

No entanto, Bolieiro não anda à sua velocidade. Tem andando à velocidade do CDS, do PPM e às ordens do chega. E tem toda a legitimidade para andar à velocidade e às ordens de quem quer que seja. Não pode é colocar esta região sob as ameaças e chantagens de quem não sabe o quê e como fazer.

Na verdade, açorianas e açorianos não sabem o que esperar do dia seguinte, pois isso dependerá sempre do humor do deputado do chega. Se lhe faltar “palco” na comunicação social (que tantos adjetivos pejorativos lhes tem dedicado) surge mais uma ameaça de fazer o governo cair... e lá voltamos ao carrossel da chantagem.

Não quero deixar passar esta oportunidade para afirmar Abril! Agora que passam 48 anos sobre o 25 de abril de 1974 e que já vivemos mais dias de Liberdade do que em opressão, celebremos e saudemos a Democracia!

25 de abril, SEMPRE!

Sobre o/a autor(a)

Deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia Regional dos Açores. Licenciada em Educação. Ativista pelos Direitos dos Animais. Coordenadora do Bloco da Ilha Terceira
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