Está aqui

A senha no Corvo

Na ilha do Corvo, as pessoas cantaram a Grândola Vila Morena, na rua, com cartazes na mão, demonstrando a sua indignação. Isto tem uma mensagem clara e forte. A ilha mais pequena já deu o sinal!

Redijo este artigo minutos após ter visto um grupo de pessoas a cantar a Grândola Vila Morena, na ilha do Corvo.

A nossa estação de televisão pública – RTP Açores – possibilitou-nos a oportunidade de assistir ao espírito crítico, ao carácter aguerrido e ao sentido de justiça destas pessoas.

Refiro-me, pois, à concentração de um número acentuado de pessoas que se juntaram fora do Centro de Saúde daquela ilha, empunhando cartazes e verbalizando palavras de ordem contra a exoneração do atual médico e presidente do Conselho de Administração (CA) do Centro de Saúde do Corvo.

Durante o dia de hoje, e de forma célere, assistiu-se à publicação da exoneração do Dr. Salgado e da nomeação do Dr. Paulo Margato.

Clélio Meneses e Paulo Estêvão, de forma atabalhoada, tentaram argumentar esta decisão como sendo resultado do mau ambiente entre os membros do CA daquele Centro de Saúde e que o Governo Regional estaria a reforçar o corpo clínico naquela ilha.

Paulo Margato, candidato do PPM nas últimas legislativas regionais, tornou-se conhecido devido à operação Asclépio conforme foi amplamente noticiado na comunicação social, é o substituto de uma pessoa exonerada com base em alegações. Alegadamente não se dava bem com restantes membros do CA, alegadamente queria ir para outra ilha, alegadamente não quer perder dinheiro. Alegações! Há algum tempo que se ouviam rumores de que se tentava um espaço para o senhor fosse na Terceira, no Faial ou nas Flores.

A estratégia para resolver esta situação foi simples: através da exoneração de um médico querido da população residente no Corvo. Favores com favores se pagam. É como o amor.

Este governo tem realmente um novo paradigma: as coutadas nos Conselhos de Administração dos hospitais e unidades de ilha desta região.

Tem sido “escândalo” atrás de “escândalo”. Nomeações de familiares diretos e nomeações de amigos (as)! Claro que os CA são decisões políticas. No entanto, e após tantas críticas tecidas ao longo de anos, fica mal, muito mal. Afinal, à mulher de César não basta ser. Tem de parecer.

E seriedade e ética são coisas que têm faltado a esta coligação. Cada um puxa para o seu lado e nenhum puxa para o bem das e dos açorianos. Primeiro os seus egos, depois as pessoas.

Entretanto, José Pacheco, deputado do chega, que se arroga de ser contra isto, aquilo e às normações e “tachos”, assiste a isto tudo como se nada fosse. Onde está o “murro na mesa”? Afinal, é cúmplice de todo este leilão. O clamor das almas puras...

José Manuel Bolieiro é o presidente refém dos egos de uma coligação. Refém dos desejos de vingança de deputados e membros do governo. Foram 24 anos a criticar e, até agora, 2 anos a satisfazer desejos e egos, colocando-os à frente das necessidades desta região.

Na verdade, posso não concordar com a linha política de Bolieiro, mas custa-me assistir ao seu “definhamento” político e como pessoa que ficará para sempre associado a esta trapalhada.

Na ilha do Corvo, as pessoas cantaram a Grândola Vila Morena, na rua, com cartazes na mão, demonstrando a sua indignação. Isto tem uma mensagem clara e forte. A ilha mais pequena já deu o sinal!

Sobre o/a autor(a)

Deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia Regional dos Açores. Licenciada em Educação. Ativista pelos Direitos dos Animais. Coordenadora do Bloco da Ilha Terceira
(...)