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Sacrifícios para muitos, lucros para poucos
Começam a ser conhecidas as contas dos bancos portugueses neste primeiro semestre do ano. O BES anunciou lucros de quase 300 milhões de euros e o BPI ficou muito próximo dos 100 milhões. Os lucros do BES cresceram 14,6% relativamente ao mesmo semestre de 2009. No BPI, os lucros subiram 11,8%.
Em tempos de crise, os bancos não podem queixar-se. Aliás, são sempre os principais ganhadores de toda e qualquer crise social, económica ou mesmo financeira.
Como ganham os bancos dinheiro com a crise? Que segredos esconde a banca? A que esquemas recorrem os bancos para manter e alargar a rentabilidade do capital? Não é difícil responder:
- encarecem o crédito, tanto às famílias como às empresas, apesar das dificuldades de umas e outras.
- especulam nos mercados financeiros com a dívida soberana do próprio estado, grande parte dela originada pelos muitos milhões que o mesmo estado “despejou” sobre a banca para evitar o seu colapso às mãos da crise de 2008/2009.
- e, sobretudo, beneficiam de uma escandalosa protecção fiscal que transforma Portugal num paraíso para a banca.
Em 2009, toda a banca a operar em Portugal pagou apenas 4% de IRC. Repito: 4%. Muito abaixo do IRS que paga qualquer cidadão, muito abaixo do IRC de qualquer empresa cuja tributação é de 25%.
A banca engana e ilude o fisco. A banca não paga os impostos que devia pagar. Que autoridade tem um governo que se resigna perante este abuso, perante esta indecência? Como pode esperar compreensão pela sua política de austeridade? Como pode exigir, sempre e sempre, mais sacrifícios?
Os bancos não pagam ao estado os impostos que devem pagar e o governo, em vez de os obrigar a pagar, faz o mais simples mas também o pior para o país e para as pessoas: aumenta os impostos, baixa os salários, reduz os apoios sociais e corta nos serviços públicos.
A austeridade e os sacrifícios que o governo do PS, apadrinhado pelo PSD e com o apoio mal disfarçado do CDS, impõe aos portugueses, não chegam à banca, aos seus accionistas e muito menos aos seus gestores, aliás, pagos a peso de ouro.
Em 2009, a remuneração dos administradores executivos das empresas cotadas em bolsa foi, em média, de 600 mil euros por ano. Isto é, 50 mil euros por mês.
Austeridade e sacrifícios? Para todos? Na banca não sabem o que é. Mas perguntem a quem trabalha, a quem perdeu o emprego ou a quem vive da sua pensão, as principais vítimas desta política injusta e desigual que protege os mais poderosos e prejudica os mais fracos.
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