Está aqui

Reestruturação e competitividade como?

As medidas propostas pelo Governo não vão aumentar a nossa competitividade.

Para o Governo, o aumento competitividade, da produtividade e do emprego tem uma vertente na chamada Concertação “Social”, a redução das indemnizações por despedimento, na linguagem governamental “reestruturação empresarial”.

Dizia no passado dia 16 de Fevereiro no Parlamento, a senhora Ministra do Trabalho, ex-sindicalista, que esta redução era para ajudar as empresas nas “reestruturações” tornando-as mais baratas e com isso criar emprego.

Alguém lhe devia ter dito que as reestruturações que conhecemos nas Siderurgias, nas Lisnaves, nas Quimigais, Yazakis, Delphis, Alcoas Fujikura Industrias Farmacêutica, indústria do calçado, do vestuário, hotelaria, empresas de construção civil, tal como a da Opel (GM), na Azambuja, criaram efectivamente foi mais de 600 mil desempregados e nenhum emprego.

Alguém lhe devia ter dito, (porque a senhora esteve algum tempo talvez fora do país), que estas empresas não tiveram qualquer dificuldade em pagar as indemnizações de Lei e até muito acima da Lei, que mesmo as pequenas empresas quando se “reestruturam a sério” pagam de uma vez, ou por acordo em mais de uma vez, no mínimo o que a Lei obriga.

Alguém lhe devia ter dito, que quem não paga, são os que declaram falência, falência que na maioria dos casos são fraudulentas, pois é vê-los a passear em bons carros, a mudarem os nomes das empresas a que estão associados, a colocá-las em nomes de filhos e até de netos, tal como às habitações. É infelizmente esta gente sem escrúpulos que as medidas governamentais anunciadas querem proteger e querem-no fazer à custa de nós todos, trabalhadores e empresários honestos, criando o tal fundo para pagamento das indemnizações.

Os Sindicatos, chamados pelo Governo estão à mesa da chamada Concertação “Social” devem na verdade comparecer, pois nestas coisas sabe-se que quem não está à mesa, pode fazer parte do Menu, mas com este Governo, a verdade é que a tal mesa está a tentar servir os trabalhadores em “banho-maria” ao patronato.

Na minha opinião há duas maneiras de os sindicalistas saírem disto, uma, dizer não e voltar as costas, gritar que os trabalhadores são a parte mais fraca, mas que vão há luta, o costume.

Outra e a que mais me agrada, apresentar argumentos fortes na mesa, justificar o Não com alternativas e exemplos e simultaneamente ir há luta.

Os desempregados em geral e os jovens em particular, não aceitam mais o Não pelo Não, exigem que se diga Não PORQUE…. e este PORQUE, não é aceitável com argumentos que só justifiquem a defesa de quem tem hoje um emprego.

Combater as propostas patronais e governamentais do século XIX, com as respostas sindicais do mesmo século, não nos leva a lado nenhum.

O Não sindical, tem que ser consciente e definitivo quando tiver que o ser!

Mas deve sê-lo depois de divulgadas aos jovens e aos desempregados as propostas sindicais para a criação de emprego.

A verdade é que as medidas propostas pelo Governo não vão aumentar a nossa competitividade, o que fará aumentar a competitividade, será o aumento da formação para uma melhor flexibilidade laboral, aumento dos salários, estimular a Contratação Colectiva ao nível nacional e de empresa e um salário mínimo que deixe de ser um mini salário.

Aumentar a competitividade é evitar o que se passou no dia 16 de Fevereiro, quando todo o parque industrial da Autoeuropa esteve sem energia eléctrica cerca de duas horas em períodos diferentes. Desta vez não foi a cegonha, foi uma pequena intempérie que de imediato causou este problema e cuja resolução por parte do fornecedor monopolista demorou mais que o esperado.

Aumentar a Competitividade, é estimular as empresas e principalmente as de exportação, na criação de alternativas logísticas, para a redução de custos, reduzir a burocracia, reduzir o custo do m2 de terreno definido como área industrial nos PDMs, reduzir os custos energéticos para quem se associe no transporte de mercadorias e de matérias primas, desenvolver o transporte por via ferroviária e marítima.

Mas o actual Governo só tem uma ambição, ficar na história como o Governo que aumentou o fosso entre ricos e pobres bem como o Governo que bateu todos os recordes de Desemprego.

Este Governo, já não tem criatividade para encontrar soluções socialmente justas, prolonga a idade da reforma e com isso limita a criação de empregos para os jovens, corta salários e com isso reduz o poder de compra e o crescimento interno, privatiza a saúde e reduz os apoios na doença, aumenta ou mantém o elevado número de alunos por turma e com isso piora a qualidade do ensino e despede milhares de professores.

O Governo do Eng. Sócrates agrava tudo isto e ainda por cima começa a limitar os apoios sociais aos mais pobres dos trabalhadores, pois quem tenha ,como milhares e milhares têm, um mini salário de 485€ começa a perder apoios socialmente necessários.

Sócrates não faz isto sozinho, fá-lo com o apoio do PSD e de Passos Coelho, Sócrates, tem, que mais cedo que tarde ser julgado nas urnas, mas todos temos que gritar bem alto durante esse julgamento, “Sócrates tem um cúmplice e esse cúmplice chama-se Pedro Passos Coelho”.

O Povo, e principalmente a juventude, na qualidade de testemunha e de juiz deve condenar os dois.

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Coordenador da CT da Volkswagen AutoEuropa. Deputado municipal no concelho da Moita.
(...)