Quase o melhor destino insular do mundo!

porDiogo Teixeira

02 de dezembro 2024 - 16:54
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Os madeirenses estão habituados a ver a sua terra receber, o prémio de Melhor Destino Insular do Mundo. Este ano não foi exceção. Contudo, como muitas obras de arte aos olhos do capitalismo e do neoliberalismo desenfreado, a Madeira apenas serve como fonte de lucro para uns poucos.

Os madeirenses estão habituados a ver a sua terra receber, ano após ano, o prémio de Melhor Destino Insular do Mundo. Este ano não foi exceção. Mais uma vez, o galardão foi entregue a estas ilhas que, parecendo esculpidas ao pormenor, são uma verdadeira obra-prima capaz de atrair milhões de visitantes. Contudo, como muitas obras de arte aos olhos do capitalismo e do neoliberalismo desenfreado, a Madeira apenas serve como fonte de lucro para uns poucos.

Ano após ano, o turismo gera milhões de euros, sendo um pilar essencial da economia madeirense. Mas a pergunta impõe-se: onde estão esses milhões? Certamente não chegam aos trabalhadores que, com o seu esforço diário, sustentam esta indústria. Muitos destes trabalhadores recebem apenas o salário mínimo ou pouco mais, fazem horas extra, trabalham como escravos e, no final, são tratados como números descartáveis e se ousam lutar contra estas condições indignas, são facilmente ameaçados ou substituídos.

A par disso, a Madeira enfrenta uma taxa de pobreza alarmante, sendo a mais elevada do país. Mas, em vez de propor soluções reais, o governo de Miguel Albuquerque acha esta situação "normal". Para piorar, figuras como Paula Margarido deputada do PSD Madeira na Assembleia da República, têm a audácia de culpar os próprios pobres pela sua situação, dizendo que esta pobreza se deve ao "álcool" e à "droga". Não é apenas vergonhoso, é um insulto ao esforço e à dignidade de milhares de madeirenses que lutam todos os dias para sobreviver.

O PSD quer pintar a Madeira como um paraíso na Terra. E é, mas apenas para os turistas. Para os madeirenses, a realidade é bem diferente. A Madeira enfrenta problemas gravíssimos, como a crise na habitação, sendo uma das regiões mais caras do país para se viver. Compete com cidades como Lisboa, Porto e Faro nos preços exorbitantes das rendas e do metro quadrado. Enquanto isso, os madeirenses veem o direito à habitação ser-lhes negado, obrigando muitos jovens a abandonar a sua terra em busca de melhores condições fora de Portugal. Afinal, de que serve este prémio quando não conseguimos oferecer perspetivas de futuro aos nossos jovens?

De que serve sermos conhecidos como um "porto de abrigo" no meio do Atlântico, que recebe bem quem nos visita, quando falhamos em cuidar de quem cá vive? Muitos dos nossos idosos sofrem em lares privatizados que, em vez de oferecerem dignidade, oferecem serviços degradantes. Veja-se o caso do lar da Bela Vista, onde os residentes muitas vezes tomam banho de água fria ou com água aquecida em chaleiras.

É revoltante ver a Madeira ser premiada, enquanto o seu povo é negligenciado. Não é pedir muito exigir o mínimo: salários dignos para quem trabalha e sustenta esta economia; respeito pelos nossos jovens e idosos; e um governo que se preocupe mais com as pessoas do que com os lucros. Afinal, de que serve sermos o "melhor destino insular do mundo" se continuamos a ser um destino ingrato para quem cá vive?

Quase tão revoltante como a forma como o PSD explora a Madeira e os seus recursos para gerar lucro é a incapacidade da oposição em se unir. É inadmissível que as forças à esquerda não consigam formar um bloco comum com o objetivo de acabar com esta governação do PSD, que há quase cinquenta anos explora os recursos naturais e humanos da Madeira. Mas que tenham a certeza: nunca existirá uma solução governativa à esquerda, nem uma verdadeira alternativa sem o Bloco de Esquerda.

E o Bloco estará aqui, sempre que for necessário mostrar que há a possibilidade de mudar. O Bloco não tem medo de se unir em torno de uma causa comum, porque, para o Bloco, as pessoas são a sua primeira prioridade. Será a saúde, a saúde mental, serão os trabalhos, serão os salários, será a educação, será a habitação, será a igualdade e será a justiça. O Bloco nunca deixará estas causas de lado.

O Bloco estará aqui para provar que é capaz de se unir em torno de um objetivo maior: o derrube do PSD e a construção de uma Madeira mais justa, mais solidária e mais igualitária para todos.

Porque se a Madeira é uma obra de arte, eu prefiro que essa obra seja um mural construído por todos e pintado a todas as cores, um mural que represente aquelas que "Das ilhas" podem ser "as mais belas e livres"!

Diogo Teixeira
Sobre o/a autor(a)

Diogo Teixeira

Licenciado em línguas e relações empresariais. Membro da CNJ, da comissão coordenadora e dos jovens do Bloco Madeira. Atualmente, trabalha como especialista em marketing e publicidade (estagiário). Mestrando em gestão pela Universidade da Madeira
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