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Quando os jovens do CDS acharam moderno acabar com o salário mínimo
Segundo a jota do CDS, a retribuição mínima definida por lei tem dois efeitos perversos no funcionamento da economia portuguesa: impede de trabalhar “quem está disponível para trabalhar por valor inferior a esse preço” e "impede de operar todas as empresas e serviços que não tenham a capacidade de remunerarem aquele montante".
O SMN se situar, à época, nos 403 euros mensais, não estorvou os jovens populares. Descobriram a sua pólvora neste admirável mundo novo em que “o paradigma da competitividade baseada nos baixos salários já mudou”.
Portugal situar-se historicamente entre os países europeus com salários médios e mínimos mais baixos era um pormenor irrelevante. Afinal de contas, é só estatística.
Deixemos-nos de más-vontades e preconceitos e imaginemos, por momentos, o tipo de país em que viveríamos se não existisse salário mínimo. Para ajudar a pintar esse paraíso liberal, basta ter em conta as recentes declarações de Patrick Drahi, terceiro homem mais rico de França, e agora dono da PT, um dos principais empregadores nacionais: “Eu não gosto de pagar salários. Pago o mínimo que puder”. Bem-vindo de volta. Permita-me a pergunta, gostou do que viu?
Esta peça arqueológica da JP pode parecer um defunto exotismo ideológico, porém, a ideia de fundo - a desvalorização salarial e do SMN - norteou a governação dos últimos quatro anos dos partidos que hoje compõem a coligação “Portugal à Frente”.
Mas, não aumentaram o salário mínimo? Passos e Portas decidiram manter o SMN congelado nos 485 euros até que, em outubro do ano transato, subiu para 505 euros. Três anos antes, deveria ter atingido os 500 euros, conforme acordado em sede de concertação social. Infelizmente, já não é notícia que, para esta coligação, os acordos só são válidos quando ditados a partir de Berlim.
O aumento ficou bastante longe do necessário para uma vida digna e demasiado perto do limiar da pobreza. Vamos aos números. O incremento da retribuição mínima ficou 40 por cento abaixo da inflação registada entre 2011 e o fim de 2013, e apenas a 115 euros do limiar da pobreza, caso o trabalhador não tenha dependentes. Mas, se um trabalhador tiver dois filhos a cargo, alerta a OCDE, nos valores atuais do SMN, tem que trabalhar mais 58 horas mensais para não cair no limiar da pobreza.
Conclusão: os trabalhadores que auferem a retribuição mínima não viram invertida a tendência de erosão salarial e o seu poder de compra continuou a cair. Espantosamente, ao mesmo tempo que esta regra se impunha, Portugal conseguiu produzir 10 mil novos milionários ao ano e, em 2014, as empresas do PSI 20 distribuíram 1800 milhões de euros em dividendos aos acionistas, mais 6% do que em 2007. Não é difícil perceber quem é que ganhou e perdeu com o chamado “ajustamento da economia portuguesa”.
Estas opções políticas deixaram uma desastrosa herança na sociedade portuguesa, que sentiu ativamente a consolidação de Portugal no triste clube de países em que ter emprego não é sinónimo de sair da pobreza ou de não viver em privação material severa. Para mudar este rumo, o Salário Mínimo Nacional deve fixar-se nos 600 euros, é essa a nossa proposta. A 4 de outubro, acertemos as contas.
Artigo publicado em sabado.pt em22 de setembro de 2015
Comentários
Cada vez que os jotinhas
Cada vez que os jotinhas decidem abrir a boca, os meus olhos rebolam quase automaticamente. As jotas, e particularmente as associadas aos partidos de direita, são uma verdadeira linha de montagem de inúteis. São basicamente uma lista de espera onde os boys se colocam e, com base na sua capacidade lingual em operar ânus e botas, vão subindo ou descendo na hierarquia. Nada que provenha dessa fonte deve ser considerado relevante. Alias, urge-se usar estas declarações como contra exemplos ou uma espécie de anti bússola moral. Quem são os jotinhas então?
Do que vi nos meus tempos académicos, o típico jotinha é aquele tipo que anda há demasiado tempo no curso. É literalmente demasiado estúpido para o terminar mas provem de um meio onde o titulo de Dr. é obrigatório, e como tal a desistência não e opção. Como a mãe do jotinha nao pode andar a dizer "o meu Tomás esta a estudar para Dr." para sempre no cabeleireiro ou nas reuniões semanais do country club, o jotinha e pressionado para fazer qualquer coisa antes que comece a "parecer mal". Como não dispõe da capacidade intelectual ou do espírito de sacrifício para terminar um curso superior, os jotinhas, numa primeira fase, tendem instantaneamente para as associações académicas. E não estou a falar do grupo de estudantes que participa activamente nas reuniões do concelho ou que se intervêm quando os direitos do estudante estão em causa. Estou a referir-me ao bando de imbecis que precisa de todo um ano académico para planear uma semana de Queima das Fitas e que andam pelo campus já com o rei na barriga quando na realidade são o pau pelo qual se mede a inutilidade académica. Mas este status também não é estável pois quando chegam aos 35 (vide Pedro Passos Coelho), começa a "parecer mal" ainda estar na Universidade a acabar o 1o ano do curso. Qual é então o próximo passo lógico? As jotas pois lá está. Tendo em conta o que acabei de descrever, será assim tão surpreendente este tipo de afirmações por parte desta gente? O que é que podemos esperar de um bando que consegue ocupar uma vaga no ensino superior durante duas décadas sem nunca ponderar sequer trabalhar para sustentar as eternas bebedeiras? São pessoas completamente alheadas da realidade, com uma percepção da mesma que faz arrepiar qualquer cidadão que tenha que trabalhar para poder ir ao supermercado. Há que ter isto em conta e ajustar estas declarações no seu verdadeiro contexto.
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