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A (pouca) ética do presidente amigo

Rio e Bolieiro cederam a um partido conhecido pela sua xenofobia, racismo, sexismo, homofobia, intolerante às minorias e com visões distantes da promoção dos direitos sociais e humanos.

Numa fase em que a silhueta de uma nova crise económica paira sobre os Açores, assistir a um acordo entre PSD e Chega para a viabilização de um governo de direita, alinhando-se com medidas de corte aos apoios sociais -“redução significativa da subsidiodependência”, (é assim que fala quem tem o privilégio de não se preocupar com o que não tem para que os filhos comam), nesta que é a região mais pobre do país – feita de gente feliz com lágrimas - é, no mínimo, vergonhoso e indigno da história deste partido.

Rui Rio, empoleirado no lugar que ocupa, trazia no bolso uma edição atualizada da Ética A Nicómaco, jurava que a felicidade do povo português passava por um banho de ética.

É nesta inércia de vergonha, amoral e de desorientação que se tenta reerguer o partido político cujo líder nacional tinha por maior bandeira a ética, mas cuja ferida, ainda por sarar – “geringonça” – levou a “vender a alma ao diabo”, para governar os Açores.

PPD-PSD, alicerce da democracia para uns, correia de transmissão de interesses corporativos e capitalistas para outros, cedeu e cedeu mal para o futuro que se aproxima.

Cedeu a um oportunista, de quem não rezará a história e cuja pobreza de espírito e valores se há-de esfumar num futuro construído por homens e mulheres de bem, mas Rio e Bolieiro tinham a obrigação de serem diferentes, de serem melhores.

Na verdade, e por muito que tentem branquear, não se coibiram de cozinhar uma solução governativa com quem que se baseia no populismo anti democrático. Cederam a um partido conhecido pela sua xenofobia, racismo, sexismo, homofobia, intolerante às minorias e com visões distantes da promoção dos direitos sociais e humanos.

No entanto, persiste a omissão de um dado importante relativo à formação do governo. O presidente da região será Ventura, que manterá os seus lacaios sob chantagem constante, nos Açores. Nada mais do que isso.

Bolieiro, Lima, Estêvão e Barata são os cabeças de cartaz desta stand up tragédia, cujo palco é uma jangada que à mínima ondulação cada um remará para o seu lado.

Os grandes autonomistas de ontem, rendem-se hoje aos negócios do Terreiro do Paço, pois por muito que tentem fazer parecer o contrário, os jornais narram a recente odisseia de Lisboa para os Açores e dos Açores para Lisboa.

Não deixa de ser curioso como alguns destes partidos tentam “descolar” a sua imagem da do Chega, mas quem se senta à mesa de Le Pen e de Salvini e quem negoceia com quem se senta à mesa desse e dessa, é tão fascista quanto ele e ela.

Sobre o/a autor(a)

Deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia Regional dos Açores. Licenciada em Educação. Ativista pelos Direitos dos Animais. Coordenadora do Bloco da Ilha Terceira
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