Por uma ciência a sério

porHugo Evangelista

20 de fevereiro 2010 - 0:00
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A Fundação Champalimaud prepara-se para construir na Azambuja um dos maiores biotérios da Europa. Aqui vão ser criados, de forma massificada, dezenas de milhar de animais por ano que serão vendidos a laboratórios para experiências científicas.

Mas de forma crescente o mundo académico tem posto em causa as conclusões científicas obtidas em animais não-humanos quando se pretende extrapolá-las para humanos.

Existem também sérias questões éticas, porque os animais aqui criados têm o mesmo interesse em viver sem sofrimento do que os humanos que supostamente irão ser curados.

Por fim, a viabilidade económica deste projecto é duvidosa. Todos os anos são desenvolvidos novos métodos alternativos, o uso de células estaminais oferece grandes possibilidades, e a União Europeia vai proibir testes em animais para desenvolver cosméticos a partir de 2013.

Por tudo isto não se compreende este investimento de 36 milhões de euros, 27 milhões vindos de dinheiros europeus.

Neste momento segue uma petição na Assembleia da República a exigir a construção de um Centro 3R, de investigação de métodos alternativos, em vez deste biotério.

A Azambuja, depois do fecho da fábrica da Opel e da especulação à volta da construção do Aeroporto da Ota, merecia muito mais do que uma infra-estrutura condenada à partida.

Hugo Evangelista
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Hugo Evangelista

Biólogo.
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