A poluição no rio Tejo e o Senhor Ministro do Ambiente

porArmindo Silveira

20 de julho 2018 - 15:15
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O ministro do Ambiente atribuiu a "um exercício de engenharia nasal" as críticas do Bloco de Esquerda sobre a alegada "má qualidade" do Tejo. Ontem, dia 19 de julho, mais um caso denunciado pelo Bloco.

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, atribuiu a "um exercício de engenharia nasal" as críticas do Bloco de Esquerda sobre a alegada "má qualidade" do Tejo, contrapondo que o rio "está melhor". Este poderia ser o enquadramento de um livro de humor mas...

Conferência de Imprensa do Bloco de Esquerda

No dia 27 de junho, os deputados do Bloco Pedro Soares e Carlos Matias e o vereador da Câmara Municipal de Abrantes também do Bloco, em conferência de imprensa realizada no açude de Abrantes, criticaram a má qualidade da água do rio Tejo e mostraram a sua preocupação com a falta de informação sobre a monitorização dos efluentes da Celtejo e a metodologia utilizada no tratamento de lamas em Vila Velha de Ródão.

No dia seguinte, em resposta, o Sr. Ministro do Ambiente, afirmava, à agência Lusa, que “aquilo foi um exercício de engenharia nasal, cheirou-lhes que estava pior, só que está melhor”.

Poluição sem fim à vista depois das “declarações ministeriais”

No fim de junho, a poluição voltou em força ao concelho de Torres Novas e à ribeira da Boa Água, contaminando o rio Almonda, ao Paul do Boquilobo, que é Reserva da Biosfera e desaguando no rio Tejo, no concelho da Golegã. Aqui e em outros pontos do Ribatejo, os agricultores deixaram de usar a água do rio Tejo para rega, dada a má qualidade da água. Assim têm que extrair a água cada vez mais funda, nos lençóis freáticos gastando um bem precioso que, a continuar, no futuro se revelará mais uma catástrofe ambiental.

Voltando à poluição, também aconteceram novas descargas no rio Nabão, em Tomar e no rio Alviela, em Alcanena.

Espécies piscícolas morrem em consideráveis quantidades

Nas últimas semanas, “apareceram” quantidades consideráveis de peixe morto em diversos troços do rio Tejo. Primeiro em Tancos, concelho de Vila Nova da Barquinha, depois no inicio de julho nas praias dos Moinhos e do Samouco, em Alcochete e, por último, nos dias 17 e 18 de julho, no açude de Abrantes, no Áquapólis Sul e no Travessão do Pego. Aqui, na maioria era fataça e barbos de diversos tamanhos. Algum peixe continua no rio já em avançado estado de decomposição. Para quando as análises ao peixe para se saber a causa ou as causas da sua morte?

Efluente a céu aberto desagua no rio Tejo em Santarém

E ontem, dia 19 de julho, mais um caso denunciado pelo Bloco de Esquerda como é noticiado pelo “Diário de Notícias”. Um efluente a desaguar, segundo os populares, há anos, sem qualquer tratamento no rio Tejo em Alfange, concelho de Santarém. Mau cheiro, ratazanas, mosquitos, fezes acumuladas trazidas por um caudal continuo e volumoso. O Presidente da Câmara Municipal de Santarém sabe da situação mas nada resolve. Será problemas de ténue consciência ambiental?

Quem são os poluidores?

Sr. Ministro do Ambiente quando são divulgadas as análises recolhidas do efluente da Celtejo em janeiro do corrente ano? Mas será que precisamos desses resultados para imputar o pagamento da retirada das lamas à Celtejo? Se 90% do efluente rejeitado no cais de Vila Velha de Rodão é da Celtejo e se as análises efetuadas às outras duas empresas revelaram parâmetros normais não restam dúvidas que está encontrado o prevaricador. Não foi o Sr. Ministro que, por mais de uma vez, informou que a impunidade tinha acabado? São demasiadas ocorrências para que o Sr Ministro do Ambiente tente branquear novamente a sua responsabilidade, a do seu Ministério e das instituições de cariz ambiental que tutela. Que se cumpra a Constituição!!!

Abrantes, 20 de Julho de 2018

Armindo Silveira
Sobre o/a autor(a)

Armindo Silveira

Membro da distrital de Santarém do Bloco de Esquerda
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