Orçamento de desgoverno regional

porDiogo Teixeira

15 de julho 2024 - 22:16
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Este orçamento não vai resolver nenhum dos problemas dos madeirenses comuns. Continuará a existir uma crise na habitação, porque não há medidas concretas e suficientemente corajosas. Na saúde, o governo prefere dar milhões aos privados, que assim poderão lucrar com as falhas do Serviço Regional.

Poucos dias após a aprovação do programa do governo de Miguel Albuquerque na Região Autónoma da Madeira, este enfrenta agora mais uma etapa daquela que, na minha opinião, deve ser uma breve legislatura.

Após as negociações que permitiram que o PAN, CDS, IL e CHEGA aprovassem ou se abstivessem na votação para que este programa de governo fosse aprovado, chega agora a altura de tentar fazer o mesmo com o orçamento regional. Por um lado, temos a Iniciativa Liberal, na pessoa de Nuno Morna, que diz que este orçamento é um "orçamento socialista" e, por isso, votaria contra. No entanto, a sua palavra já não tem o peso que tinha, pois também afirmou que votaria contra o programa de governo e, no fim, acabou por abster-se. Obviamente, estas declarações só poderiam ser proferidas por alguém que defende um capitalismo ainda mais agressivo e selvagem do que o que já temos na RAM.

A verdade é que este orçamento não vai resolver nenhum dos problemas dos madeirenses comuns. Continuará a existir uma crise na habitação, porque não há medidas concretas e suficientemente corajosas para combater esta crise. Na saúde, o Governo Regional prevê dar mais de 100 milhões de euros este ano aos privados, ou seja, estes milhões que poderiam estar a ser investidos no sistema regional de saúde para melhorar e resolver as várias falhas – desde o desinvestimento na saúde mental, altas problemáticas, listas de espera intermináveis e falta de medicamentos, entre outros. Esses problemas poderiam ser resolvidos com estes milhões, mas, em vez disso, o governo prefere dar milhões aos privados, que assim poderão lucrar com as falhas do Serviço Regional de Saúde.

Portanto, é preciso dizer que este não é um governo socialista, nem este é um orçamento socialista, como diz a Iniciativa Liberal de boca cheia. Se fosse, estaria a resolver os problemas dos madeirenses e colocaria os interesses dos cidadãos em primeiro lugar, e não os lucros dos grandes senhores e das grandes empresas privadas.

É nestes momentos que se nota a falta que um partido como o Bloco de Esquerda faz na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira. É preciso quem lute pelo bom senso, é preciso quem lute com os madeirenses, é preciso que alguém lute contra quem quer gastar o dinheiro comum para dar lucro aos grandes senhores. Teremos então de aguardar para saber qual será o desfecho desta votação, mas é provável que o orçamento seja aprovado, porque ao lado de Miguel Albuquerque estão aquilo que apelido de "vendidos", que são o PAN, o CHEGA, a Iniciativa Liberal e o CDS. Estes partidos, que fizeram campanha contra Miguel Albuquerque, dizendo que ele e o PSD não estavam à altura, agora estão sentados na mesa das negociações a troco de umas poucas e insuficientes medidas.

Diogo Teixeira
Sobre o/a autor(a)

Diogo Teixeira

Licenciado em línguas e relações empresariais. Membro da CNJ, da comissão coordenadora e dos jovens do Bloco Madeira. Atualmente, trabalha como especialista em marketing e publicidade (estagiário). Mestrando em gestão pela Universidade da Madeira
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