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O Verão! do nosso descontentamento

Agora é a hora de começarmos a dar respostas e de fazermos Resistência!

Chegámos ao dia de hoje cheios de perguntas, cheias de indignação. Para onde foi o nosso dinheiro? Que é feito de reformas e salários? Onde está o ensino gratuito e para tod@s? A saúde porque não tem um sistema público? Com tanto dinheiro nos cofres deles, onde para a nossa Cultura? Queremos as nossas vidas, temos direito a construir o nosso futuro! Habitação é um direito, a Terra é a nossa casa, com as alterações climáticas não se brinca.

Agora é a hora de começarmos a dar respostas e de fazermos Resistência! Resistência à exploração capitalista, resistência ao esbulho feito por banqueiros & financeiros, resistência contra o grande comércio que esmagou pequenas comerciantes, resistência contra os despejos que se preparam para o início do próximo ano. Estamos contra os donos de Portugal, as famílias de milionários que continuam a sugar-nos o tutano.

Agora é a hora das respostas coletivas, das grandes causas contra a opressão se darem as mãos, de fazermos correntes de resistência, braço a braço, contra opressões de género, contra discriminação no trabalho, contra a violência dentro de casa que atinge ainda mais mulheres. Se nunca se produziu tanta riqueza como hoje, é tirá-la dos cofres! Queremos as nossas vidas ricas em solidariedade – não queremos caridade – de braços dados vamos resistir, todas as gerações, com todos os oprimidos, com todas as exploradas.

Só existe caridade porque existe pobreza. O caminho é a solidariedade, não é voltar trabalhadores contra trabalhadores, não é voltar a vizinha, que tem gorda a galinha, contra a que nem galinha tem. A Terra é a nossa casa, se não queremos ser forçados a imigrar, temos então de abrigar quem foge da sua terra para fugir à fome, à guerra, à opressão, aos desastres climáticos.

À união de tanta riqueza temos de opor a força e a coesão de quem foi roubado, as nossas lutas atravessam fronteiras e hoje, esta nossa luta, é um grande exemplo disso mesmo. O inimigo é comum e conhecêmo-lo pelo nome. O Grande Capital Financeiro Internacional que vive de especular contra as nossas vidas, que arrastou o mundo para o desastre, porque nunca soube nem nunca quis produzir, quis sim explorar pessoas, recursos, animais, a Terra habitada que somos todas e todos nós. No rasto da destruição desse grande capital nasce a miséria, as alterações climáticas, os ódios entre povos, entre gente de cores e géneros diferentes, nascem todas e novas formas de exploração.

Só nos resta não ficar a assistir de braços cruzados a esta destruição programada, não aceitar o pagamento desta dívida fabricada tal como eles a fabricaram, não aceitar um governo de que o grande capital puxa os cordéis e que fala com a voz e a pronúncia que estiver a render mais nas Bolsas da especulação. Só nos resta exigir o nosso lugar na Europa dos povos e no Mundo. PIGS? Porco é o capital, não há Países pobres, há pobres governantes.

Só nos resta consolidar a resistência organizada das muitas lutas, dos muitos braços entrelaçados, das muitas causas organizadas e aliadas, que nos abra caminho para o segundo 25 de Abril porque tantas de nós clamam, porque tantos de nós lutam. Dizia Salgueiro Maia, «Quando as pessoas começam a perder o medo, é contagioso! Quando umas começam a partir amarras, outros também, por arrastamento!»

Sem tusto,Sem trabalho, Sem casas, mas SEM MEDO!

Culturas de Resistência são precisas.

Em que ano será o próximo 25A?

[15 de setembro de 2012, Porto, Praça da Liberdade e Avenida das Aliadas]

Intervenção lida na Praça da Liberdade no final da manifestação do 15 de setembro

Sobre o/a autor(a)

Investigadora em sociologia da cultura
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