Está aqui
O Ventura que Ventura quer esconder
O currículo de Ventura é duvidoso para quem se diz antissistema. A sua ascensão está entre o obscuro sistema do futebol e o sistema político do PSD. Apoiou a troika, foi eleito para a direção do PSD na lista encabeçada por Sérgio Azevedo, o deputado apanhado a entregar documentação interna do Parlamento a responsáveis do Benfica e que visitou a China levado pela Huawei. Ventura foi candidato à Câmara de Loures em 2017 por uma coligação PSD/CDS, que o CDS rompeu devido ao seu discurso xenófobo, mas Passos apoiou-o. Em 2018, a polícia apanhou Sérgio Azevedo a instruir empresários sobre contratos com uma Junta de Freguesia em Lisboa. É o início da operação policial "Tutti-Frutti", que investiga autarcas, entre eles a vereação de Ventura, por desvio de dinheiros públicos, tráfico de influências e branqueamento de capitais.
Atrás de um falso discurso de moralismo e ordem, Ventura esconde, para além do seu passado, o seu próprio programa eleitoral. Quis mesmo apagá-lo do seu site. Quais são, afinal, as propostas do Chega?
Impostos: baixar o IRC às grandes empresas, isentar mais-valias e dividendos, uma taxa de IRS igual para um milionário ou para quem recebe o salário mínimo. José Berardo não pediria mais.
Serviços públicos, um lema: "Ao Estado não compete a produção e distribuição de bens e serviços, sejam esses serviços de educação ou de saúde, ou sejam os bens vias de comunicação ou de transporte". Em suma, o fim do Estado social e da contratação sem termo pelo Estado.
Ensino Superior: privatização das universidades e instituição do cheque-ensino, com propinas diferenciadas de acordo com os cursos que o Chega considera úteis ou não.
Saúde: uma "dupla privatização-cheque saúde", com gestão privada de hospitais públicos e o princípio do utilizador-pagador complementado com cheque-saúde.
Educação: extinção do Ministério, passagem do património para os privados, cheque-ensino.
Trabalho: maior flexibilização laboral com redução de "salários, restrições legais (...), contribuições para a Segurança Social e custos de despedimento".
Proteção social: fim da proteção social universal e obrigatória, com passagem para o privado das funções sociais. Trabalho comunitário para quem recebe o subsídio de desemprego.
Transportes: privatização de todas as empresas.
Não se deixe enganar: privatizar, acabar com os serviços públicos e substituí-los por negócios privados financiados pelo Estado, precarizar o trabalho e proteger os privilégios da elite financeira e económica. É este o programa de André Ventura para favorecer o pior do sistema.
Artigo publicado no “Jornal de Notícias” a 17 de dezembro de 2019
Comentários
Aos gaj@s de esquerda que
Aos gaj@s de esquerda que abusam do substantivo "Capitalismo", alerto-os que logo findando a 3a silaba se adquire a palavra "capita" a qual capita cabeças de ferverosos\as liberais de direita.
Ter atencao em praticar abundantemente figura de estilo do eufemismo conjugado com extrema ironia.
Ex: voraz excretável financeirice.
ideologia de vampiresca capitalidade(influência :zeca)
...De vampiro financeiro
Sanguessuga financeira.
Ao seu pai,o quarto maior revolucionario no Estado (arcaico)Novo( salgueiro, otelo, palma) digo, ele NAO escrevinha, sobretudo, reflecte profundamente para de forma incisiva escrever bem. Â filha, dirigo felicitações pelo artigo antetior recentemente escrito quanto a COP25. MARIANA CONTINUA A VEGETAR PARA QUE... um dia se faça uma prole de guerrilha que vegete Ética.A FALTA DELA é tåo contrapudecente a vampirescos donos de gravata em forma de guardanapo que camufla asqueroso e peconhento amuleto da Casa da (mal tirada)Moeda.;)
Adicionar novo comentário