O Navjot foi libertado! Grande alegria

porJosé Soeiro

17 de setembro 2025 - 11:25
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Finalmente, o Navjot foi libertado. Foi um momento maravilhoso. Para que serviram estes dois meses? Para nada, a não ser humilhar e criar dificuldades a quem só quer trabalhar e fazer a sua vida. A AIMA nem sequer tratou de comunicar com o sistema de informação Schengen, ou do processo administrativo!

Há quase dois meses, na sequência do encontro com o Navjot e outros amigos (o Prince e o Darwinder), e em contacto com a Solidariedade Imigrante, publiquei um testemunho, no Expresso, sobre a detenção inexplicável de uma pessoa (chamei-lhe Singh, mas o nome real pode e deve ser dito agora) que não tinha cometido nenhum crime, que tem um contrato de trabalho sem termo numa empresa de construção, descontos em dia para a segurança social, residência permanente, registo criminal limpo em todos os países por onde passou, que estava há mais de dois anos a fazer tudo para que o Estado português cumprisse a obrigação de lhe dar a autorização de residência. O caso tornou-se insólito quando o Navjot, que recusou abandonar o país, foi detido por “risco de fuga”!

A 29 de julho, centenas de pessoas concentraram-se frente ao “Centro de Instalação” no Porto, onde ele estava preso, para exigir justiça e respeito. Foi impressionante. O Navjot continuou, todavia, privado de liberdade. Ao longo deste tempo, visitámo-lo várias vezes e muitas diligências se fizeram. Sem sucesso. Na passada sexta-feira, às três da manhã, a PSP acordou-o para o levar, sob escolta, para o aeroporto, para o pôr num voo em direção a Munique e depois à Índia: iria ser deportado! Num repente. Só que também isto era ilegal! Já no aeroporto, perto das seis da manhã, depois da intervenção do advogado e da Solidariedade Imigrante, que interveio durante a madrugada, a AIMA deu ordens para que regressasse ao “Centro de Instalação”. Foi um alívio, mas também a demonstração da arbitrariedade das decisões e procedimentos do Estado perante a vida destas pessoas. Hoje, finalmente (como já devia ter sido!), o Navjot foi libertado. Foi um momento maravilhoso e uma grande vitória! Para que serviram estes dois meses? Para nada, a não ser humilhar e criar dificuldades a quem só quer trabalhar e fazer a sua vida. A AIMA ao menos tratou da comunicação com o sistema de informação Schengen? Ao menos cumpriu as regras do processo administrativo? Nada.

Na próxima quarta, às 14h, há manifestação de imigrantes, em Lisboa, organizada pela SOLIM. O Navjot, que matou saudades da comida e foi finalmente para casa, já avisou a empresa onde trabalha e ja comprou o bilhete de autocarro para se juntar. Valha-nos termo-nos uns aos outros, solidariedade e luta. Hoje é, apesar de tudo, um dia feliz!

José Soeiro
Sobre o/a autor(a)

José Soeiro

Dirigente do Bloco de Esquerda, sociólogo.
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